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Atualidades XXIV (2018) – Depressão entre Adolescentes e Suicídio – Entre Adolescentes e na População em Geral

Requiem, curta metragem sobre o suicídio na adolescência – “https://www.youtube.com/watch?v=m-eOr0LhrGo”

(texto 1, excerto 1 – Veja, 25 de abril de 2018)

As dores do crescimento 

No mundo conectado das redes sociais, os adolescentes nunca estiveram tão sós — é o paradoxo que alimenta o estrondoso aumento dos casos de depressão

[…]

Uma das fases da vida mais propícias para o aparecimento desse desconforto de não conseguir ver o amanhã com esperança é, justamente, a adolescência. Uma percepção muito comum — de que meninos e meninas andam deprimidos muito mais agora, na era da internet, do que no passado — ganhou recentemente um amparo poderoso. […]

A prevalência da depressão entre jovens é acachapante. Nos últimos cinco anos, a incidência entre homens e mulheres de 12 a 25 anos teve um salto de quase 40%. Nas outras faixas etárias, os índices caíram (veja o quadro abaixo). Foi isso que mostrou um estudo realizado com 600 000 pessoas, conduzido pela Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos. O resultado é aplicado aos americanos, evidentemente, mas se repete em quase todo o Ocidente. No Brasil, estima-se que 10 milhões de meninas e meninos sejam acometidos por ao menos uma crise de depressão ao longo da juventude. Não se devem interpretar os dados supondo que, do dia para a noite, os casos tenham explodido. Na verdade, sabe-se com certeza que houve um aumento de notificações de casos depressivos, o que deve ser resultado de dois fenômenos simultâneos: o maior cuidado com os jovens e o aumento real da incidência da depressão entre eles.

 

Questão 1 

Relacione as informações do excerto acima com as do quadro abaixo e assinale a alternativa correta.

 

a) Comparando os dados de 2015 com os de 2011, podemos afirmar que os casos de depressão registrados pela pesquisa – realizada nos EUA – aumentaram tanto na faixa etária entre os 12 e 25 anos quanto naquela que vai dos 35 aos 49.

b) O aumento de casos de depressão entre adolescentes, nos EUA (gráfico), não se estende ao Brasil, onde os dados mostram que diminuíram os diagnósticos da doença entre meninos e meninas.

c) No Brasil, cerca de 10 milhões de meninos e meninas apresentam (ou apresentaram) algum caso de depressão; nos EUA, de acordo com os dados do gráfico, o aumento de casos da mesma doença foi praticamente igual em todas as faixas etárias.

d) Os aumentos de casos mencionados no texto e registrados no gráfico têm a ver com uma maior ocorrência da depressão entre adolescentes – mas também se relacionam com uma maior preocupação das pessoas em relação ao problema.

e) Embora os casos de depressão na faixa etária entre 12 e 25 anos tenham aumentado, os dados mais alarmantes do gráfico são os que se referem à população com mais de 50 anos.

 

(texto 1, excerto 2 – Veja, 25 de abril de 2018)

Mas o que há hoje que não havia antes para arrastar tantos jovens para a tristeza sem fim? É uma resposta difícil, mas a ciência já trabalha com algumas hipóteses. A professora de psicologia Jean Twenge, da Universidade San Diego, autora de dois pequenos clássicos sobre os efeitos da tecnologia no comportamento da sociedade, Generation Me e iGen, arrisca uma pergunta provocadora e entrega uma resposta cuidadosa, mas preocupante: “Os smartphones destruíram uma geração?”. A resposta: “Talvez sim”. Soa paradoxal, mas na era das redes sociais, em que tudo é compartilhado o tempo todo, os adolescentes talvez jamais tenham estado tão sós — escondidos atrás dos dois sinaizinhos azuis do WhatsApp. “O mundo está repleto de situações que contribuem para a depressão, em especial para os mais novos”, afirma Luciana Sarin, psiquiatra do Programa de Doenças Afetivas da Universidade Federal de São Paulo. “É um movimento novo, que pede atenção.” Os adolescentes acordam, dormem, comem, estudam, vão para a festa e ao banheiro, tudo sempre de olho no celular — quando recebem respostas rápidas, está quase tudo bem, o diálogo prossegue acelerado, com emoticons, frases picotadas etc. A vida segue sua toada, 100% conectada. O silêncio e a demora, os bastões do WhatsApp apagados, no entanto, são sinônimo de eternidade e ansiedade, muita ansiedade. “O uso abusivo de smartphones favorece os sintomas da depressão”, diz Pedro Pan, psiquiatra e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo.

[…]

Estudos comportamentais e biológicos já esclareceram que a ansiedade serve como alimento para os processos depressivos, a partir da ação do cortisol, hormônio liberado quando há estado de atenção e alerta. O stress crônico prejudica as conexões cerebrais, favorecendo a depressão. […]

As relações sociais intermediadas por aparelhos eletrônicos, quando se abre mão do contato físico e da conversa olhos nos olhos, ajudaram a acelerar outro fenômeno, um pouco mais antigo e muito relevante: o da superproteção dos pais. “Filhos hiperprotegidos podem perder a capacidade de resiliência”, diz o psiquiatra Fernando Fernandes, do Programa de Transtornos Afetivos do Instituto de Psiquiatria da USP. Os resultados são visíveis. Os jovens namoram menos que antes. A primeira

relação sexual da nova geração acontece por volta dos 16 anos, um ano mais tarde do que ocorria com seus pais. Hoje, um jovem de 18 anos age de forma parecida com a de um jovem de 15 anos há duas décadas. O de 15 comporta-se como o de 13. Estudo da Universidade de Melbourne, na Austrália, mostrou que a adolescência não termina mais aos 19 anos, como entenderam psicólogos por anos a fio, mas vai agora até os 24 anos. A razão por trás da postergação das responsabilidades e dos prazeres da vida adulta está associada à educação superprotetora, agora cercada por vínculos digitais.

Para Julie Lythcott-Haims, ex-reitora da Universidade Stanford, que estuda o fenômeno desde os anos 2000, há os chamados “adultos-crianças”, despreparados para as dificuldades do dia a dia. A superproteção veio à luz quando a geração do pós-guerra nos Estados Unidos, tratada com rigidez pelos pais, mas influenciada pela contracultura dos anos 60 e 70, decidiu criar suas crianças de forma diferente, com menos rigor e mais amor, menos cobranças e mais compreensão, mas exagerou na dose. Com isso, acabou produzindo gerações com dificuldade de tomar as próprias decisões e de lidar com contratempos, decepções e toda a complexidade humana. A situação chegou ao extremo, ressalve-se, quando os jovens deixaram de achar imprescindível sair de casa para lidar com o mundo.

Some-se a essas certezas — a ansiedade digital e a superproteção — a predisposição natural da idade, e o caldeirão estará cheio. Os adolescentes são biologicamente mais vulneráveis. Graças aos avanços nos exames de imagem, constatou-se que, ao longo do processo natural de maturação cerebral nessa etapa da vida, algumas estruturas se formam antes que outras e funcionam em ritmos diferentes entre si, deflagrando uma sinfonia dissonante, que pode resultar em algum caos. […] Diz Guilherme Polanczyk, psiquiatra de crianças e adolescentes da Universidade de São Paulo: “A adolescência é o momento em que os neurônios se tornam mais resistentes e especializados. Uma conexão mal construída nessa fase pode se instalar, se não houver identificação precoce”.

Os desafios impostos à medicina para o controle da depressão também resultam da complexidade da própria doença. Suas origens biológicas e suas causas ainda não foram totalmente desvendadas. O mundo moderno, evidentemente, não é o único problema. [….] A predisposição genética é responsável por seis em cada dez casos do transtorno. Mais: alguém que tenha o pai ou a mãe vítima do problema apresenta um risco 40% maior de também desenvolver depressão. Diz Rodrigo Machado Vieira, professor titular de psiquiatria da Universidade do Texas: “Uma criança que sofre bullying de forma crônica ou que abusa do celular ou se isola mas não tem vulnerabilidade genética dificilmente vai sofrer de uma doença mental por esses fatores”.

O tratamento para a depressão na adolescência é o mesmo dos adultos: psicoterapia e medicação. A grande diferença na constituição da doença nos jovens está na manifestação de seus sintomas. Os mais velhos tendem a sentir desinteresse, falta de energia, tristeza, prostração. Os jovens portadores do transtorno, pela fase de intensa transformação cerebral, costumam reagir de forma mais ansiosa, com irritação, mas sem perder a energia. O sofrimento é menos visível. Eles se trancam no quarto, manifestam raiva. Irritam-se com pequenos imprevistos — mas vão a festas, de onde só pensarão em ir embora. Jogam videogame, mas sem prazer. Alguns continuam indo para a escola, embora as notas tendam a cair. É comum entre os pais chamar a adolescência de “aborrecência”, numa alusão ao adolescente que parece

viver de cara amarrada, mas talvez esse seja um sintoma depressivo que merece ser relatado ao médico.

[…]

Os riscos hoje são maiores do que no passado — eles se dão no universo que convencionamos chamar de real, mas também no das redes sociais, da internet, o novo oxigênio que respiramos, a ágora inescapável.

 

Questão 2 

Analise com atenção as informações abaixo e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta apenas afirmações ERRADAS.

I- A superproteção dos pais é a maneira mais eficaz de combater a depressão entre adolescentes, uma vez que filhos superprotegidos recebem maiores cuidados e, por isso mesmo, amadurecem mais cedo.

II- Os vínculos digitais entre pais e filhos nada têm a ver com a educação superprotetora que os adolescentes hoje em dia recebem. Isso porque a superproteção se manifesta apenas por meio dos contatos físicos, não dos virtuais.

III- O uso exagerado das tecnologias digitais (sobretudo smartphones) pode ter a ver com o aumento de casos de depressão entre adolescentes. Isso porque tais tecnologias, quando excessivamente utilizadas, aumentam a ansiedade; esta, por sua vez, gera estresse, favorecendo o surgimento da doença.

IV – A proteção exagerada dos pais contribui para o atraso no amadurecimentos dos adolescentes e, desta forma, diminui a capacidade de resiliência, fazendo com que os indivíduos dessa faixa etária sofram mais com as frustrações.

V – Além da superproteção e da ansiedade digital, contribui também para a depressão entre adolescentes as predisposições biológicas, uma vez que, nessa fase, as estruturas cerebrais estão se desenvolvendo e uma conexão neural mal construída pode desencadear a depressão.

VI- Estudos mais recentes comprovam que a depressão é um fenômeno meramente social. Sendo assim, a doença não estabelece relação nenhuma com os fenômenos hereditários.

VII- Na imensa maioria dos casos, adolescentes e adultos acometidos pela depressão manifestam os mesmos sintomas: desinteresse, tristeza e falta de energia.

São ERRADAS apenas as afirmações:

a) I, II, VI e VII.

b) III, IV, VI e VII.

c) I, II, V e VI.

d) IV, V e VI.

e) I, VI e VII.

 

 

(texto 2, excerto 1 – Folha de são Paulo, 24 de abril de 2018)

Suicídio de adolescentes avança, e casos recentes mobilizam escolas de SP 

Registros sobem desde 2000; colégio tem que se envolver, dizem especialistas

 

Painel pintado por alunos do 4º ano de medicina da USP no subsolo da faculdade

As taxas de suicídio de crianças e adolescentes no Brasil têm aumentado nas últimas décadas – e casos recentes envolvendo estudantes de São Paulo levaram à mobilização de colégios particulares para tratar do problema.

De 2000 a 2015, os suicídios aumentaram 65% entre pessoas com idade de 10 a 14 anos e 45% de 15 a 19 anos —mais do que a alta de 40% na média da população.

O levantamento do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com base em dados do Ministério da Saúde, aponta que as taxas nesses grupos (de 0,8 e 4,2 por cem mil habitantes, respectivamente) estão abaixo do índice geral (5,5). Mas sua evolução preocupa.

Nas últimas duas semanas, três estudantes de colégios privados de elite da capital paulista se suicidaram —dois eram do Bandeirantes e um do Agostiniano São José. […]

Estudiosos mencionam – como conflitos que surgem nesta idade e podem funcionar como agravantes – questões sobre sexualidade, dificuldade de lidar com frustrações, bullying, pressão pela escolha da carreira e por um bom desempenho escolar. Além disso, as redes sociais, em muitos casos, podem passar a impressão de que todos estão felizes e, assim, contribuir para aumentar a angústia dos jovens.

[…]

“Não temos explicação cabal para esse fenômeno, mas, como um dos fatores frequentemente associados ao suicídio é a presença de um transtorno mental (particularmente depressão, alcoolismo e esquizofrenia), acredita-se que a desatenção à saúde mental e a dificuldade para se obter um pronto atendimento está na raiz do problema”, afirma.

[…]

 

Questão 3 

Da análise atenta do excerto acima (texto 2, excerto 1) depreende-se que:

a) No Brasil, o índice de suicídio entre jovens de 10 a 19 anos supera o índice geral (população como um todo).

b) Entre 2000 e 2015, o aumento dos suicídios entre adolescentes foi significativo, mas ficou abaixo daquele registrado na população como um todo.

c) Dentre os fatores que podem contribuir para os casos de suicídio entre adolescentes, podemos citar: o bullying, a exposição excessiva às redes sociais, as cobranças exageradas e questões sexuais – além da falta de acesso a um atendimento rápido e da presença de transtorno mental.

d) Apesar das taxas de suicídio entre adolescentes estarem aquém do índice geral, a ocorrência de tais casos entre pessoas dessa faixa etária preocupa, particularmente, porque vem aumentando acima da média em nosso país.

e) Alternativas C e D conjugadas.

 

(texto 2, excerto 2 – folha de são Paulo, 24 de abril de 2018)

SINAIS DE ALERTA GERAIS 

– Falar sobre querer morrer, não ter propósito, ser um peso para os outros ou estar se sentindo preso ou sob dor insuportável

– Procurar formas de se matar

– Usar mais álcool ou drogas

– Agir de modo ansioso, agitado ou irresponsável

– Dormir muito ou pouco

– Se sentir isolado

– Demonstrar raiva ou falar sobre vingança

– Ter alterações de humor extremas

 

PARA DEPRESSÃO EM ADOLESCENTES 

– Mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos

– Piora do desempenho na escola ou em outras atividades

– Afastamento da família e de amigos

– Perda de interesse em atividades de que gostava

– Descuido com a aparência

– Perda ou ganho inusitado de peso

– Comentários autodepreciativos persistentes

– Pessimismo em relação ao futuro, desesperança

– Comentários sobre morte, sobre pessoas falecidas e interesse por essa temática

– Doação de pertences que valorizava

 

Questão 4 

Com relação às dicas acima (texto 2, excerto 2), é ERRADO afirmar:

a) Com relação aos casos de depressão entre adolescentes, devemos ficar atentos aos sintomas de desesperança, comentários sobre morte e afastamento da família e dos amigos.

b) Dentre os sinais de alerta que um possível suicida manifesta, podemos citar: variações extremas de humor, manifestação de dor intensa e uso excessivo de álcool ou drogas em geral.

c) Com relação aos adolescentes, a piora no desempenho escolar, os comentários autodepreciativos constantes e mudanças marcantes nos hábitos podem ser sintomas de depressão.

d) Manifestações de raiva e de sentimentos de vingança, assim como se sentir isolado, são sinais de alerta em relação aos quais devemos ficar atentos.

e) Os sintomas de depressão entre adolescentes são incompatíveis com os sinais de alerta gerais. Isso porque, de acordo com os estudos mencionados no texto 1, não existem relações plausíveis entre a doença e os casos de suicídio.


Autor: Eduardo Gramani Hipolide

Neste blog, o Professor Eduardo traz à baila assuntos com alta probabilidade de cair nos ENEM, principais vestibulares e concursos públicos, sendo que, desde 2014, vem esmiuçando as tendências dos principais meios de notícia impressa para trazer, “de mão beijada” as questões de atualidades dos próximos certames, bem como possíveis temas de redação.

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