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Atualidades XXI (2017) – Nacionalismos do século XXI (separatismos catalão e curdo)

Texto 1 (Folha de São Paulo, 28 de setembro)

https://acervo.folha.uol.com.br/fsp/2017/09/28/

O que é o referendo pela independência catalã 

Vocês se distraíram nas últimas semanas, entre furacões, terremotos e declarações variegadas de Donald Trump. Mas, sorrateira, a questão catalã chega ao fim de semana como um dos grandes temas noticiosos do momento — sobre o qual é preciso se informar um pouco mais. Quem são os catalães, por que querem a independência e o que vai acontecer?

 

O QUE É A CATALUNHA? 

No nordeste do país, essa é uma das 17 regiões espanholas. Vivem ali 7,5 milhões de pessoas, responsáveis por quase 20% do PIB espanhol. Sua capital, Barcelona, foi sede da Olimpíada de 1992 e recebe oito milhões de turistas por ano. A Catalunha está sujeita ao governo central espanhol, mas tem algum nível de autonomia, com uma administração regional e sua própria polícia.

 

Fontes: Idescat (Instituto de Estatísticas da Catalunha), Credit Suisse, Banco Mundial, agências de notícias, “El País”, “New York Times”.

 

POR QUE QUEREM SER INDEPENDENTES? 

É uma luta antiga dessa região, influenciada pelos nacionalismos do século 19. A Catalunha tem uma história e uma língua próprias e quer se separar da Espanha. Um dos argumentos recorrentes é sua pujança econômica, não revertida de maneira proporcional nos investimentos do governo central.

POR QUE AGORA? 

A Catalunha é governada por uma coalizão de partidos separatistas desde 2015, e a independência é o ápice de seus programas políticos. O cálculo é que a mobilização vai aumentar sua base eleitoral.

O REFERENDO É LEGAL? 

A rigor, não. O governo de Madri já avisou inúmeras vezes que essa consulta viola a Constituição espanhola, que não prevê esse tipo de medida. A lei catalã para a realização do referendo deste domingo foi suspensa pelo Tribunal Constitucional espanhol —algo ignorado pelos separatistas.

COMO MADRI TEM REAGIDO? 

O governo espanhol tomou diversas medidas para impedir o referendo. A polícia recolheu 9,8 milhões de cédulas, por exemplo, e as cartas de convocação aos mesários. Madri também deteve membros da organização da consulta e aplicou multas a organismos catalães. Dezenas de sites com informações sobre o voto foram derrubados pelas autoridades durante esta semana.

TODO O MUNDO QUER SER INDEPENDENTE? 

Não. Em uma sondagem de 2012, apenas 51% dos catalães disseram aprovar a independência, segundo o Centre d’Estudis d’Opinió. Essa é uma das questões sociais mais urgentes em torno do referendo: o que aconteceria com a metade que prefere continuar sendo espanhola?

É A PRIMEIRA TENTATIVA? 

Não. Houve uma consulta em novembro de 2014 em que 80% dos eleitores votaram pela independência —mas apenas 2,2 milhões dos 5,4 milhões de eleitores participou, o que dá pouco sustento à separação. Como o referendo deste domingo, aquele voto foi considerado ilegal.

O QUE ACONTECE SE A INDEPENDÊNCIA FOR APROVADA? 

O Parlamento catalão pode, em tese, declarar a independência unilateral em 48 horas, o que não tem efeito legal, na interpretação do governo central. Madri pode, em caráter emergencial, tomar o controle administrativo de toda a região e deter o presidente catalão, Carles Puigdemont.

A SITUAÇÃO PODE SE AGRAVAR? 

Sim. Não ao ponto da violência, mas é possível que em termos políticos a Espanha passe por um período de crise. O fervor independentista catalão foi um dos gatilhos para a guerra civil espanhola, que levou à ditadura de Francisco Franco. A língua catalã foi proibida durante o regime.

QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS? 

O primeiro-ministro Mariano Rajoy, do conservador PP (Partido Popular), governa hoje em uma coalizão de minoria. A crise catalã pode levar a pressões insuportáveis em seu gabinete, com a exigência da oposição de que ele renuncie. Ele pode dar a volta por cima, no entanto, convocando eleições antecipadas e se apresentando como o único candidato capaz de governar nesta crise.

QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS ECONÔMICAS, SE HOUVER INDEPENDÊNCIA? 

No curto prazo, haveria impacto negativo tanto na Catalunha quanto no restante da Espanha. Mas o governo catalão espera aproveitar sua forte economia para se consolidar no cenário internacional.

A CATALUNHA SERIA PARTE DA UNIÃO EUROPEIA? 

Não imediatamente. Em tese, como era o caso quando a Escócia votou por sua independência e foi derrotada, a Catalunha precisaria entrar no fim da fila para aderir ao bloco. Nem está claro se os independentistas gostariam desse cenário —parte é contrária à moeda comum europeia, o euro.

 

Questão 1

A respeito da história da Catalunha e da luta pelo separatismo na região, é ERRADO afirmar:

a) Os catalães foram convocados pelo governo local a participar, pela primeira vez, de um plebiscito para decidir sobre sua independência em relação à Espanha. O ineditismo do pleito deve-se à situação de relativa autonomia que a região desfruta no interior daquele país.

b) Os catalães, que possuem uma história e uma língua próprias, sofrem influência das ideias separatista, que remontam aos nacionalismo do século XIX. No entanto, o separatismo entre os catalães não é unanimidade, uma vez que parte expressiva da população rejeita a independência em relação à Espanha.

c) Os separatistas catalães defendem a independência não só porque na Catalunha existe uma população que apresenta características culturais próprias como também porque, segundo eles, a Catalunha apresenta uma certa pujança econômica que não seria revertida proporcionalmente pelo governo central (espanhol).

d) O plebiscito do dia 1º de outubro foi considerado ilegal pelo governo espanhol, que afirma não reconhecer a secessão da Catalunha.

e) Ao que tudo indica, se a independência de fato ocorrer, tanto a economia da Espanha quanto a da própria Catalunha sofrerão um revés imediato. Além disso, a inserção da Catalunha na União Europeia será uma incógnita; isso porque parte expressiva da população da região é contra a participação no bloco e o processo de admissão demoraria demais.

Texto 2 (reportagem da Folha de São Paulo, 2 de outubro de 2017)

https://acervo.folha.uol.com.br/fsp/2017/10/02

Com 90% dos votos, independência vence plebiscito na Catalunha 

O governo da Catalunha declarou neste domingo (1º) a vitória de seu plebiscito separatista com 90,09% dos votos favoráveis à independência e 7,87% contrários —o restante votou em branco ou nulo.

Em um dia marcado pela violência policial, participaram da consulta 2,2 milhões de pessoas, cerca de 40% do eleitorado de 5,5 milhões.

O presidente catalão, Carles Puigdemont, disse que a região —com algum grau de autonomia— “ganhou o direito de ser um Estado independente”. Ele sinalizou que seu Parlamento deve declarar a independência de maneira unilateral em 48 horas.

O governo central em Madri, no entanto, considera a consulta ilegal e não vai reconhecer o resultado.

O premiê espanhol, o conservador Mariano Rajoy, declarou que “não houve um plebiscito”. “Não vimos nenhum tipo de consulta, mas uma mera encenação.”

“Todos os espanhóis viram que nosso Estado de direito mantém sua fortaleza e sua vigência, que responde aos contraventores com eficiência e serenidade”, disse.

O plebiscito separatista catalão deste domingo teve seções eleitorais invadidas pela polícia, eleitores retirados à força e milhares votando embaixo da chuva.

Segundo o Departamento de Saúde da Catalunha, foram atendidas 844 pessoas feridas nos embates com a polícia, que chegou a usar balas de borracha contra manifestantes. Houve também 33 policiais feridos.

A violência da polícia foi duramente criticada durante o dia. Em repúdio, sindicatos convocaram greves para esta terça-feira (3).

O presidente catalão, Puigdemont, disse que “a brutalidade policial vai envergonhar o Estado espanhol para sempre”. Autoridades catalãs denunciaram a polícia para o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha.

O porta-voz do governo catalão, Jordi Turull, disse que o governo espanhol responderá nas cortes internacionais pela violência. “É simplesmente selvagem, um escândalo internacional.”

Um vídeo registrando a polícia destruindo as portas de um colégio eleitoral causou especial indignação, assim como cidadãos jogados ao chão pelas forças de segurança. No sábado (30), um cartaz pedindo mais democracia (“más democracia”, no original) foi destruído por manifestantes contrários ao voto.

 

Questão 2

Relacione as informações do texto 1 com as do texto 2 e assinale a alternativa correta.

a) Ao contrário do que ocorreu no primeiro plebiscito (2014) a respeito da independência da Catalunha, neste último (do dia 1º de outubro), a maioria da população catalã aprovou a secessão da região.

b) A respeito da violência no processo separatista da Catalunha, os eventos narrados no texto 2 corroboram o diagnóstico feito pelo autor do texto 1.

c) Tanto o texto 1 quanto o texto 2 mostram claramente as divergências entre o governo central (espanhol) e o governo regional da Catalunha. Enquanto este considera o pleito legítimo, aquele o considera ilegal e tomou medidas para tentar impedi-lo.

d) Ao contrário do que prognosticava o autor do texto 1, fica claro, pelas informações do texto 2, que o plebiscito de 1º de outubro transcorreu de maneira tranquila – sem incidentes anormais.

e) Tanto o texto 1 quanto o 2 ressaltam o papel da comunidade internacional no plebiscito de 1º de outubro. Por meio de ambos os textos, podemos concluir que as nações ocidentais apoiam a secessão catalã.

 

Texto 3 (Reportagem da Folha de São Paulo, 26 de setembro de 2017)

https://acervo.folha.uol.com.br/fsp/2017/09/26/

Em referendo, curdos votam a favor de independência em relação ao Iraque 

A maior parte dos eleitores que participaram de um referendo sobre a separação do Curdistão em relação ao Iraque votou a favor da independência da região.

Segundo divulgou nesta quarta-feira (27) a comissão eleitoral, o “sim” —pela independência— recebeu 92,73 % dos votos na disputa. O “não” ficou com 7,27%.

Segundo o órgão, 3,3 milhões de pessoas votaram –o equivalente a 72% dos 5,2 milhões de curdos aptos a participarem do pleito.

O resultado, porém, não deve levar a uma independência imediata da região, já que o resultado do pleito não é vinculante e o governo iraquiano não reconheceu a legitimidade da votação.

Com isso, Massoud Barzani, presidente do Governo Regional do Curdistão (GRC) –como é conhecida a região do norte do Iraque onde vive a minoria curda– deve usar o resultado para iniciar negociações com o governo central em Bagdá.

O GRC conquistou autonomia em 1991 e agora os curdos pleiteiam uma independência total de Bagdá. Eles enfrentam oposição não só do governo iraquiano, mas também de outros países como Turquia e Irã, onde há minorias curdas e temor de movimentos separatistas.

Para Bagdá, uma secessão curda implicaria perda de território e de boa parte da produção de petróleo do país. Os curdos reivindicam várias áreas que foram conquistadas pelos soldados peshmerga durante o combate ao Estado Islâmico (EI). Entre elas está Kirkuk, cidade produtora de petróleo com população árabe, cristã e turcomena, contrária ao domínio curdo.

Nesta quarta, políticos xiitas defenderam no parlamento iraquiano que o governo central envie tropas para a região contra os curdos, inclusive para Kirkuk.

Em resposta, o primeiro-ministro do país, Haider al-Abadi, avisou que não pretende usar a força para controlar a minoria e disse que quer evitar “uma luta entre cidadãos iraquianos”.

O premiê disse, porém, que tomará outras medidas para impedir a independência curda. Ele ordenou o GRC a entregar até sexta-feira (29) o controle dos aeroportos da região para o governo central e avisou que haverá um boicote aéreo caso isso não aconteça.

O governo curdo não respondeu se seguirá a ordem e pediu a Bagdá uma negociação sobre o caso.

 

Questão 3

Relacione as informações do texto 3 com as do mapa e do gráfico que vêm abaixo.

 

 

Sobre os curdos e o plebiscito que eles organizaram para decidir sobre a autonomia em relação ao Iraque, assinale a alternativa ERRADA.

a) Os curdos são uma etnia que vive espalhada por partes dos territórios do Iraque, da Síria, do Irã e da Turquia. O plebiscito ao qual se refere o texto 3 foi organizado pela parcela da população curda que vive no Iraque – no território do GCR (Governo Regional do Curdistão).

b) A fronteira reivindicada pelos curdos separatistas vai além da região autônoma do GCR, uma vez que engloba também territórios que os soldados peshmerga conquistaram na luta contra o Estado Islâmico – incluindo a região de Kirkuk, rica em jazidas de petróleo.

c) Os curdos, que correspondem a quase metade da população iraquiana, participaram de um plebiscito que teve a presença de 72% dos eleitores da etnia no Iraque; tal plebiscito apresentou como resultado uma vitória esmagadora em favor da independência da região pleiteada (92% a favor, 7% contra).

d) O plebiscito no norte do Iraque (com a vitória dos separatistas) não foi reconhecido nem pelo governo do Iraque nem pelos governos do Irã e da Turquia.

e) Dos 30 milhões de curdos espalhados pelo Oriente Médio, cerca de 5,9 milhões vivem no interior do Iraque. Foi esta parcela da etnia que foi convocada a participar do plebiscito.

Questão 4

Compare os separatismos e plebiscitos catalão e curdo e assinale a alternativa correta.

a) O separatismo catalão é tão forte quanto o curdo no norte do Iraque. Isso porque, no plebiscito da Catalunha, a presenta de eleitores presentes na votação foi tão expressiva quanto no pleito curdo iraquiano.

b) Em ambos os casos notamos uma rejeição dos governos centrais que, tanto no Iraque quanto na Espanha, não reconhecem as vitórias das respectivas secessões.

c) Se no caso da Catalunha, responsável por 20% do PIB espanhol, a questão econômica é determinante para a luta em favor do separatismo, no caso do Curdistão iraquiano tal questão não tem relevância, uma vez que o território reivindicado pelos separatistas curdos é destituídos de riquezas.

d) Pelo teor dos textos 2 e 3, podemos depreender que as reações dos governos de Espanha e do Iraque foram bem parecidos. Em ambos os casos vemos que os movimentos separatistas e os próprios plebiscitos foram tratados com violência pelos respectivos governos centrais.

e) Tanto os curdos do Iraque quanto os catalães da Espanha vivem em regiões que não desfrutam de nenhuma autonomia. Por isso, partes de suas populações desejam separar-se definitivamente dos países dentro dos quais vivem.

 

 

 

 

 

 

 

 

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