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Atualidades III (2018) – Cem Anos de Revolução Russa e 500 de Reforma Protestante e o conceito de Revolução

 Para entender a Revolução Russa 

http://www1.folha.uol.com.br/tv/ilustrissima/2017/11/1933453-video-explica-a-revolucao-russa-e-seus-desdobramentos-em-dez-passos.shtml

(texto 1 – folha de são Paulo, 5 de novembro de 2017)

Visto como ‘czar do século 21’, Putin ignora centenário da Revolução Russa 

Presidente russo Vladimir Putin

Um dos eventos centrais do século 20, a Revolução Russa chega ao seu centenário no próximo dia 7 como paradoxo. Relegada a logradouros e estátuas em seu país de origem, ela é uma presença subjacente aos processos políticos e práticas cotidianas na Rússia de Vladimir Putin.

Governante preocupado com as revoluções de seu tempo e cioso da história de seu país, Putin retirou o centenário do calendário oficial de eventos da Rússia.

As gerações que viveram sob o regime comunista instalado a partir de 1917 e morto em 91 estão desaparecendo.

“Os jovens não dão atenção à revolução, pensam que foi algo positivo historicamente, mas as atrocidades são malvistas”, diz Alexei Levinson, diretor do Centro Levada, principal instituto de pesquisa de opinião pública independente russo.

As atrocidades foram muitas. Houve deslocamento forçado de populações inteiras, fomes provocadas com ou sem motivação política, o exílio “gulag”* e o Grande Expurgo da década de 1930.

O “Livro Negro do Comunismo”, obra de 1997 que sofreu contestações ideológicas, mas que traça um quadro abrangente dos morticínios, conta 20 milhões de cadáveres só na União Soviética.

Em abril, o Levada fez ampla pesquisa sobre o legado da revolução que terminou de derrubar a monarquia czarista na Rússia: 48% dos entrevistados têm impressão positiva do evento, e 31% o veem negativamente.

Ao mesmo tempo, 44% acreditam que é importante “aprender mais sobre o período, para não repetir os erros” de 1917, enquanto 34% sugerem que “a Rússia deve ir em frente e não ficar presa ao que aconteceu” no passado.

[….]

Na capital russa, são centenas dessas imagens de Lênin –considerado o pai da revolução que pretendia implantar uma ditadura do proletariado– e de outros expoentes do regime.

As famosas estátuas, contudo, existem em menor número. Há apenas um Lênin monumental em pé em Moscou, na praça Kalujskaia. No país inteiro, são 6.000.

Estatua de Lênin monumental em pé em Moscou, na praça Kalujskaia

Simbolizando a dificuldade das autoridades em lidar com a herança comunista, no entanto, a praça Vermelha ainda abriga o famoso corpo embalsamado de Lênin.

Mas, exceto pelas lembranças do líder revolucionário, pela herança arquitetônica que grita na forma de sete arranha-céus stalinistas e por uma discreta estátua do pai do comunismo, o alemão Karl Marx (1818-83), boa parte das memórias dos tempos soviéticos foi erradicada do centro de poder da Rússia.

[….]

O que chama mais a atenção é o “éthos” burocrático herdado do antigo regime, que ganha contornos kafkianos e pode levar a uma delegacia um turista só pela interpretação que um oficial faz da execução de uma selfie.

Pequenos detalhes traem o Estado onipresente, como a necessidade de reter registros detalhados em caso de hospedagem em hotéis, prática que vem sendo desafiada pelos serviços online de aluguel de apartamentos.

A política emula a antiga realidade do partido único, trocando a sigla comunista pelo Rússia Unida de Putin.

“Antes, nós tínhamos comissários. Agora é a mesma coisa. Tem de ser alguém sancionado por Moscou”, afirma Vladimir Voikov, 55, gerente de um bar em Vladivostok (extremo oriente russo).

[…]

Putin, visto como um czar do século 21, dirige-se a uma nova reeleição em 2018 querendo evitar referências a movimentos revolucionários.

Como seus antecessores imperiais, o presidente é obcecado pelo temor de dissenso. As “revoluções coloridas” ocorridas a partir dos anos 2000 em vizinhos ex-soviéticos como a antiga Iugoslávia e a Ucrânia são, na versão do Kremlin, golpes patrocinados por estrangeiros.

 

* Gulag: um sistema de campos de trabalhos forçados para criminosos, presos políticos e qualquer cidadão em geral que se opusesse ao regime na União Soviética. 

 

Questão 1 

O autor do texto considera os 100 anos de Revolução Russa como um PARADOXO porque:

a) Apesar da importância da Revolução bolchevique, a Rússia é hoje uma das maiores economias de mercado do mundo.

b) Os mais velhos, que deveriam manifestar certo saudosismo, são os que mais questionam o legado da Revolução; enquanto que os mais jovens são os que mais defendem os valores socialistas do regime soviético.

c) Apesar dos eventos e ícones revolucionários estarem se desbotando na memória coletiva do povo da Rússia, aquele país ainda sofre com o legado burocrático e autoritário da antiga União Soviética.

d) Porque Putin, considerado o “novo czar” da Rússia pelo autor, é também o maior defensor dos valores revolucionários legados pelos bolcheviques àquele país.

e) Porque ainda hoje, não obstante o fim da União Soviética, o modelo de economia planificada impera na Rússia, impedindo o surgimento de qualquer empresa privada e mantendo a desigualdade social em patamares ainda baixos.

 

(texto 2 – carta capital, 31 de outubro de 2017)

A reforma protestante, 500 anos depois 

Cinco séculos atrás, Martinho Lutero pregava suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg. O que mudou desde então? 

Martin Luther e suas 95 teses pregadas na porta da igreja do castelo da cidade alemã de Wittenberg

Nesta terça-feira, 31 de outubro, igrejas protestantes em todo o mundo celebram os 500 anos da Reforma Protestante. Esse dia ficou conhecido como aquele em que o monge alemão Martin Luther teria pregado suas 95 teses na porta da igreja do castelo da cidade alemã de Wittenberg. Elas representavam uma tomada de posição contra o que Lutero considerava práticas abusivas do clero católico romano, como a venda de indulgências (uma forma de perdão dos pecados) e posições doutrinárias que desviavam dos valores primeiros da fé cristã.

[…]

Do século XVI para cá, a reforma marcou a história, tanto da Europa quanto dos demais continentes, por meio da atuação de missionários luteranos, reformados (congregacionais, presbiterianos), batistas, metodistas, anglicanos/episcopais. No século XX surgiram os pentecostais, expressão de um movimento de protesto e afirmação da população negra, migrante, feminina e pobre nos Estados Unidos.

Aspectos críticos desta memória como a cumplicidade do protestantismo com o capitalismo e também com o imperialismo (das ocupações coloniais da África, da Ásia e da Oceania) são abordados por vários estudiosos.

Por outro lado, a história destaca a contribuição de protestantes em ações pela justiça social e os direitos humanos como os movimentos de promoção da paz durante guerras. Também contra o racismo, como as lutas pelos direitos civis, com o pastor batista Martin Luther King, e contra o apartheid na África do Sul, lideradas pelo metodista Nelson Mandela e pelo bispo anglicano Desmond Tutu, entre outras causas. E ainda nas frentes por democracia e em oposição a regimes de exceção, como os protestantes no Brasil, Chile, Uruguai e Argentina.

No Brasil, a diversidade é enorme, são muitos os grupos confessionais, desde os mais vinculados às raízes da reforma, aos que advêm do pentecostalismo do século XX até aos que emergem dos novos movimentos evangélicos das últimas décadas, denominados neopentecostais.

Desde os anos 2000, os protestantes (historicamente identificados como “evangélicos”) têm adquirido mais visibilidade no espaço público brasileiro. O crescimento numérico e geográfico, principalmente dos pentecostais é responsável por isto, juntamente com a ampliação de presença nas mídias e na política partidária.

Esta visibilidade intensa é fonte de afirmação social dos evangélicos que há poucas décadas eram uma minoria religiosa silenciada. Ao mesmo tempo, é motivo de apreensão e suspeita de quem vê este segmento religioso como uma ameaça por conta do que é veiculado nas mídias e nas propostas políticas: espiritualização de males sociais, submissão da mulher, controle do corpo e da sexualidade, defesa de vingança contra praticantes de crimes, do uso de armas mortíferas para a defesa da população, entre outros.

Soma-se a esta imagem negativa, o destaque dado por algumas igrejas à questão financeira, à busca de benefícios materiais pelos fiéis somada à retribuição na forma de ofertas em dinheiro. Também, algumas ações missionárias com indígenas que negam as suas culturas e lutas por direitos. Ainda, a demonização de outros grupos religiosos promovida por certas lideranças, especialmente contra as religiões de matriz africana e também contra católicos e islâmicos.

Se formos rigorosos numa avaliação ética e teológica, podemos dizer que estas práticas, que acabam se tornando “sinônimos” de evangélicos, vão todas na

contramão, não só dos princípios da reforma, mas dos princípios cristãos de justiça, misericórdia e liberdade.

É preciso, no entanto, reconhecer que esta imagem negativa acaba apagando outras muito positivas e bonitas da presença dos evangélicos no mundo e no Brasil: desde projetos de promoção humana e valorização da vida (superação da pobreza, recuperação de indivíduos com dependência química, inclusão para crianças, adolescentes e jovens das periferias das cidades e do País), movimentos pelo Estado de Direito, pela Justiça de gênero.

Entre estas ações também podemos citar a valorização de quem é invisível socialmente. Como o cidadão que durante a semana é auxiliar de serviços gerais ou da construção civil e no momento de estar numa igreja se empodera, veste um terno ou um vestido elegante e se torna pregadora do Evangelho, líder de oração ou cuida da educação religiosa de crianças. Quem não conhece estas experiências não tem medida do que isto significa para a autoestima e a dignidade humana. E é uma das mais ricas heranças da Reforma Protestante: o sacerdócio de todos os crentes. Todos têm um lugar no serviço relacionado à fé.

E aqui chegamos a um ponto crucial desta memória: lembrar os 500 anos da Reforma Protestante deve ser oportunidade para a busca de novas reformas. Um dos lemas dos reformadores do século XVI era “Igreja reformada sempre se reformando”. Eis aí um chamado à vocação de protestar, contestar o que vai contra os princípios de fé e os valores coerentes com o Evangelho de Jesus de Nazaré.

 

Questão 2 

O texto 2 (acima) se refere à Reforma realizada por Lutero mas, fundamentalmente, preocupa-se com o desenvolvimento histórico do protestantismo em todo o mundo (principalmente no Brasil). Assinale a alternativa que NÃO SE REFERE ao conteúdo do texto.

a) Em sua análise da evolução histórica do protestantismo no mundo, o autor se refere a diferentes linhas e tendências – desde os protestantes “históricos” (luteranos, batistas, anglicanos…) até os pentecostais norte-americanos e neopentecostais no Brasil.

b) Sem descartar o aspecto conservador presente nas pregações de alguns evangélicos no Brasil, o autor do texto faz questão de ressaltar as inúmeras intervenções positivas que o protestantismo (incluindo pentecostais e neopentecostais) vem promovendo na luta contra preconceitos e desigualdades.

c) O autor coloca-se contra a ascensão de igrejas evangélicas no Brasil e defende a manutenção da suposta “natureza” católica do povo brasileiro.

d) Segundo o texto, além das ações sociais positivas que os evangélicos realizam, é preciso lembrar a oportunidade de “empoderamento” que uma congregação evangélica oferece ao permitir que o trabalhador vire também um pastor (ou mesmo um influente pregador).

e) A ideia de contestação em relação aos princípios religiosos que se afastam dos valores pregados por Cristo é vista, pelo autor, como um traço positivo do protestantismo desde Lutero.

 

Questão 3 

O primeiro texto abaixo é um excerto de uma obra de Marx e trata do conceito de revolução na filosofia do pensador alemão. O excerto que vem na sequência é de uma matéria publicada na revista Superinteressante do ano passado. Relacione os dois textos abaixo com os que você já leu acima e assinale a alternativa correta.

Excerto 1 

“Na produção social da sua vida os homens entram em determinadas relações, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada etapa de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. A totalidade destas relações de produção forma a estrutura económica da sociedade, a base real sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política, e à qual correspondem determinadas formas da consciência social. O modo de produção da vida material é que condiciona o processo da vida social, política e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, inversamente, o seu ser social que determina a sua consciência. Numa certa etapa do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que é apenas uma expressão jurídica delas, com as relações de propriedade no seio das quais se tinham até aí movido. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações transformam-se em grilhões das mesmas. Ocorre então uma época de revolução social. Com a transformação do fundamento económico revoluciona-se, mais devagar ou mais depressa, toda a imensa superestrutura… etc”. 

In Para a Crítica da Economia Política (1859) 

 

Excerto 2 – Superinteressante, 31 de outubro de 2017 

A revolução protestante também causou uma onda de invasão de igrejas e destruição de imagens. Entre os anos 1520 e 1550, quebra-quebras aconteceram em Zurique, Copenhagen, Genebra e outras cidades nas atuais Holanda, Bélgica, França e Escócia.

a) A Revolução Russa não pode ser considerada uma revolução de acordo com Marx porque não promoveu nenhuma mudança econômica, política ou social importante naquele país.

b) O conceito de “revolução” com o qual trabalha o autor da revista Superinteressante está de acordo com o de Marx. Isso porque, para ambos, as transformações ocorrem por conta de mudanças que acontecem primeiro na consciência, depois na organização social.

c) Seguindo o conceito marxista de “revolução”, os acontecimentos de 1917 na Rússia se assemelham bastante aos que marcaram a Reforma Protestante. Isso porque, assim como os bolcheviques, Lutero também estava preocupado com transformações radicais na sociedade em seu tempo.

d) De acordo com o conceito de Marx, a Reforma não foi uma revolução porque não brotou das contradições entre as forças produtivas e as relações de produção. Portanto, Marx e o autor da matéria da Superinteressante se distanciam.

e) Para Marx, a superestrutura (incluindo a religião) determina a infraestrutura (relações de produção). Como a Reforma foi um acontecimento eminentemente superestrutural, Marx a consideraria uma autêntica revolução.

 

 

Autor: Eduardo Gramani Hipolide

Neste blog, o Professor Eduardo traz à baila assuntos com alta probabilidade de cair nos ENEM, principais vestibulares e concursos públicos, sendo que, desde 2014, vem esmiuçando as tendências dos principais meios de notícia impressa para trazer, “de mão beijada” as questões de atualidades dos próximos certames, bem como possíveis temas de redação.

 

 

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