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Atualidades IX (2018) – Eleições na América Latina, Bolivarianismo e Ascensão da Direita e Percepção Popular Sobre a Democracia no Subcontinente

(texto 1 – folha de são Paulo, 05/11/2017)

Com desconfiança no sistema, América Latina terá maratona de eleições 

Nos 12 meses a partir de novembro, haverá uma chuva de eleições na América Latina: cerca de dois de cada três eleitores serão convocados às urnas.

Eleições presidenciais ocorrerão em todos os principais países da região, com exceção da Argentina: Chile, já em novembro, Colômbia, México, Brasil e Venezuela (se a ditadura não modificar a data como tem feito regularmente). O Paraguai também trocará de presidente.

Não deixa de ser uma demonstração da vitalidade da democracia no subcontinente. Afinal, não faz tanto tempo assim (anos 70 e 80 do século passado), o mapa regional estava manchado por um punhado de ditaduras. O Brasil, por exemplo, ficou sem voto para presidente de 1960 a 1989.

Pena que essa aparente vitalidade esteja sendo assombrada por uma desconfiança, talvez inédita, no funcionamento da democracia.

É bom deixar claro que não há descrença majoritária na democracia como modelo; o que há é insatisfação com a maneira como o modelo está funcionando.

Essa distinção já aparecia claramente na pesquisa com 18 países latino-americanos feita pelo “Latinobarómetro” que esta Folha resumiu na semana passada. […]

É nesse cenário de mau funcionamento da democracia e de desprestígio dos políticos que se dará a chuva eleitoral dos próximos 12 meses. […]

 

(texto 2 – El País, 28 de outubro de 2017)

Apoio à democracia na América Latina cai pelo quinto ano consecutivo, de acordo com o Latinobarômetro 

Crescimento econômico não compensa desconfiança regional na política; apoio no Brasil é de 43%

Os latino-americanos estão cada vez menos satisfeitos com a saúde de suas democracias e, o que é pior, também acreditam menos nela como a melhor forma de governo. De acordo com o último Latinobarômetro, uma prestigiosa pesquisa regional que analisa 20.000 entrevistas realizadas em 18 países, o apoio caiu de 54% em 2016 para 53% este ano, a quinta queda consecutiva desde 2010, quando atingiu um pico de 61%. O relatório conclui que o declínio da democracia é lento e invisível “como o diabetes”. “Existem países que não são doentes terminais, mas sofrem de um diabetes democrático generalizado. Você não vê o mal, não há sintomas que chamem a atenção; mas se você não o tratar, acabará te matando”, diz a chilena Marta Lagos, diretora do Latinobarômetro, durante a apresentação do relatório na sede do BID em Buenos Aires.

[…] “Desde 2010, o apoio à democracia caiu oito pontos em média e os indiferentes aumentaram de 23% para 25% em apenas um ano. As pessoas se afastam dos governos e das ideologias. Também vemos uma enorme variação regional, porque temos 18 países, não uma região homogênea”, diz Lagos.

Entre os cidadãos que menos apoiam a democracia como sistema de governo estão os brasileiros (43%) e os mexicanos (38%). No topo da lista, mas positivamente, estão os venezuelanos, com 78% de apoio. Como se explica isso? “Entendemos que é uma questão de aspiração. Os venezuelanos estão em crise, mas defendem a democracia como a melhor opção”, explica Lagos. Quando se trata de avaliar a saúde do sistema atual, os números se invertem: apenas 22% dos venezuelanos se declaram “muito satisfeitos” ou “satisfeitos” com a situação política e social. A curva de satisfação dos venezuelanos não parou de cair desde 2010, quando atingiu 57% de opiniões positivas, mas, apesar do que se possa acreditar, a Venezuela é mais otimista do que o Brasil e o México. Este ano, apenas 13% dos brasileiros se declararam satisfeitos, alinhados com os mexicanos, que mal alcançaram 18%.

Somente em três países as pessoas estão satisfeitas com a democracia: Uruguai (57%), Nicarágua (52%) e Equador (51%). A Argentina é a quinta depois da Costa Rica, com 38%. Mas “vistos em conjunto, os indicadores revelam a deterioração sistemática e crescente das democracias da região. Os governos sofrem a mesma sorte, a cada ano os latino-americanos os aprovam menos. O que hoje é a média, antes era o mínimo. Não há indicadores de consolidação, mas indicadores de desconsolidação”, adverte o estudo. A desconfiança no governo atinge 92% dos brasileiros e 85% dos mexicanos.

[….]

Questão 1

Relacione as informações e análises dos dois textos acima (textos 1 e 2) e assinale a alternativa ERRADA.

a) Inúmeros países da América Latina participarão de eleições neste ano em um clima de desconfiança ascendente em relação aos governos e à própria democracia.

b) Dentre os países avaliados pelo Latinobarômetro, México e Brasil são os mais reticentes em relação ao regime democrático.

c) O caso da Venezuela é curioso, pois denota um otimismo com relação à democracia – mas um forte pessimismo em relação à situação atual.

d) Dentre os países que participarão de eleições neste ano, o Uruguai é um dos mais céticos em relação à democracia.

e) O autor do texto 1 está correto ao afirmar que “não há descrença majoritária na democracia como modelo”, uma vez que os dados do Latinobarômetro apontam que, no ano passado, 53% dos entrevistados aprovaram o regime democrático.

 

Questão 2

Relacione as análises de Marta Lagos a respeito dos dados do Latinobarômetro (texto 2) com o teor da charge abaixo e assinale a alternativa correta.

Charge 1

a) Tanto Lagos quanto a charge estão de acordo em afirmar que as democracias latino-americanas são inclusivas e participativas.

b) Para o autor da charge, a ascensão do descrédito em relação à democracia na América Latina (registrada na série histórica do Latinobarômetro) teria a ver com a percepção de que o modelo serve para poucos, não para a maioria.

c) Lagos e charge mostram que a ascensão do pessimismo em relação à democracia tem a ver com a situação econômica e financeira da população.

d) Lagos aponta que os dados do Latinobarômetro nos últimos anos mostram um aumento do descrédito em relação à democracia; a charge, por sua vez, expressa uma visão otimista em relação ao mesmo modelo de governo.

e) Tanto Lagos quanto a charge avaliam os problemas do regime democrático na América Latina em relação ao histórico de ditaduras que os países do subcontinente enfrentaram no passado recente.

 

(texto 3 – Carta Capital, 7 de fevereiro de 2018)

Na Venezuela, eleição antecipada é a última cartada do chavismo 

Maduro resolveu convocar eleições presidenciais antes do prazo. Por estranho que pareça, de seu ponto de vista é um bom momento

Sem aviso prévio, começa uma campanha para uma eleição presidencial cuja data ainda não foi marcada, mas deve acontecer em três meses, no máximo. Esse

cenário de realismo fantástico acontece de fato na Venezuela e pode ser a última cartada do chavismo para permanecer no poder sem perder o que lhe resta de legitimidade democrática.

A crise econômica derrubou a popularidade do governo nos últimos anos e o mesmo perdeu as eleições para a Assembleia de dezembro de 2015. Com 56% dos votos, a oposição unida na Mesa da Unidade Democrática obteve 67% das cadeiras. Foi o pior resultado para o bolivarianismo* na Venezuela desde a primeira eleição de Hugo Chávez em 1999, e Nicolás Maduro, em rara autocrítica, a qualificou como uma “bofetada na cara para despertar” […].

Em maio de 2017, Maduro sentiu-se suficientemente seguro para simplesmente ignorar o Legislativo de maioria oposicionista e convocar uma Assembleia Constituinte, que a oposição boicotou sem conseguir esvaziar. Por maior que seja a responsabilidade do chavismo na deterioração da economia, uma parcela ainda bem respeitável da população o vê como mal menor e está disposta a enfrentar a oposição nas ruas.

[…]

É com essa divisão que Maduro agora espera vencer a eleição presidencial, sem precisar fraudar a contagem. […]

O pouco tempo para a oposição se entender, organizar e coordenar uma campanha, ante a estrutura permanente do chavismo, dificulta seu desempenho. Legalmente, é possível aos partidos de oposição indicar um mesmo candidato sem coalizão formal, mas não é simples, e a disposição de alguns de seus setores de boicotar o pleito pode lhes retirar votos preciosos.

[…] Neste momento, tanto uma vitória da oposição quanto do governo parece possível. Nem uma nem outro, porém, parecem hoje ter um caminho para o país que não resulte em divisão e conflitos crescentes.

*Bolivarianismo: O termo provém do nome do general venezuelano do século XIX Simón Bolívar, que liderou os movimentos de independência da Venezuela, da Colômbia, do Equador, do Peru e da Bolívia. Convencionou-se, no entanto, chamar de bolivarianos os governos de esquerda na América Latina que questionam o neoliberalismo e o Consenso de Washington (doutrina macroeconômica ditada por economistas do FMI e do Banco Mundial). São exemplos de governos bolivarianos na América Latina o do ex-presidente Hugo Chávez, na Venezuela (sucedido por Nicolás Maduro, também considerado bolivariano); o do atual presidente boliviano, Evo Morales e o do ex-presidente do Equador, Rafael Correa. Também alinhados ao chamado bolivarianismo, podemos citar os ex-presidentes brasileiros Lula e Dilma Rousseff; a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner e o ex-presidente de Cuba, Fidel Castro – além de seu sucessor e irmão Raul Castro (atual presidente cubano).

 

(texto 4 – o estado de são Paulo, 04 Fevereiro 2018)

Moreno mostra força e plebiscito impede volta de Correa à presidência do Equador 

Todas as propostas de emenda do presidente, rompido com o padrinho político desde o ano passado, foram aprovadas nas urnas com folga, segundo projeção do Conselho Eleitoral; condenados por corrupção devem ser banidos de cargos públicos

O plebiscito constitucional deste domingo, 5, no Equador extinguiu a reeleição ilimitada no país, em uma medida que impede o retorno do ex-presidente Rafael Correa ao poder, em meio a cisão entre ele e seu sucessor, Lenín Moreno. Numa demonstração de força do atual presidente, as sete emendas propostas na votação, que incluem temas econômicos e ambientais, foram aprovadas.

 

(texto 5 – o estado de são Paulo, 6 de fevereiro de 2018)

Após vetar volta de Correa ao poder, Equador reduz força do bolivarianismo 

Na Bolívia, Evo Morales tenta contornar um revés similar que sofreu no referendo do ano passado; em baixa nas pesquisas, presidente boliviano se apoia em uma decisão judicial emitida no fim do ano favorável a nova candidatura

A vitória do “não” no plebiscito de domingo no Equador, que impede a volta de Rafael Correa ao poder, é a derrota eleitoral mais recente da trinca “bolivariana” que se formou na América do Sul desde o começo do século e um sinal claro de desgaste do movimento junto a sua base de apoio, avaliam analistas.

Enquanto Correa, depois de romper com seu herdeiro político, Lenín Moreno, recebeu uma dura derrota nas urnas, na Bolívia, o presidente Evo Morales tenta driblar um revés similar em um referendo no ano passado. O boliviano se apoia em uma decisão judicial emitida no fim do ano favorável a sua candidatura.

Para o cientista político boliviano Roberto Laserna, a derrota de Correa nas urnas deve servir de impulso para a oposição boliviana, que tenta impedir uma nova candidatura de Evo. Em baixa nas pesquisas, com uma aprovação de 22%, o presidente convocou uma marcha para o dia 21, data em que foi derrotado no referendo do ano passado, para demonstrar força.

 

Questão 3

De acordo com as informações dos textos 3, 4 e 5, podemos concluir:

a) tanto as manobras de Maduro, na Venezuela, quanto o resultado do referendo no Equador denotam uma força renovada do bolivarianismo na América Latina;

b) tanto na Bolívia (de Evo Morales) quanto no Equador (do ex-presidente Rafael Correa), o povo tem contribuído para a perpetuação dos líderes bolivarianos por meio de plebiscitos que aprovam a reeleição indefinida;

c) a queda de governos “de esquerda” latino-americanos e os resultados dos plebiscitos na Bolívia e no Equador denotam um possível revés do bolivarianismo na América do Sul;

d) Nicolás Maduro (na Venezuela) e Evo Morales (na Bolívia) assistem ao avanço das oposições passivamente e dão sinais inequívocos de respeito aos calendários eleitorais e às instituições democráticas de seus respectivos países;

e) a antecipação das eleições presidenciais na Venezuela e o plebiscito no Equador são resultado de mobilizações das oposições, que lutam contra o bolivarianismo em ambos os países.

 

(texto 6 – El País, 18 de dezembro de 2017)

Sebastián Piñera ganha as eleições presidenciais do Chile 

Conservador venceu com 54,5% dos votos, consolidando a guinada à direita no país

O ex-presidente chileno Sebastián Piñera conseguiu uma vitória muito clara sobre o rival Alejandro Guillier e será outra vez presidente do Chile por quatro anos. O conservador venceu por mais de nove pontos de diferença (54,5% dos votos, ante 45,5% de Guillier). A diferença de nove pontos é muito acima da esperada, o que representa uma derrota muito dura para o progressista, que claramente não conseguiu atrair para si os 20% de chilenos que apoiaram no primeiro turno a esquerdista Frente Ampla. Guillier perdeu inclusive em sua região, Antofagasta. Essa vitória consolida no Chile a guinada liberal da região que teve início em 2015 na Argentina com a vitória de Mauricio Macri, fiel apoiador de Piñera, tanto que até provocou uma grande tensão diplomática ao respaldá-lo abertamente em plena campanha.

 

(texto 7 – ISTOÉ, 05.09.17)

México: partidos de oposição acordam aliança para eleições de 2018 

Os maiores partidos opositores de México, o conservador PAN e o esquerdista PRD, acordaram nesta terça-feira formar uma aliança para as eleições gerais de 2018, buscando derrotar o PRI (Partido Revolucionário Institucional) – o partido do governo [do atual presidente Enrique Peña Nieto] – e Andrés Manuel Lopez Obrador, que lidera as pesquisas antecipadas.

Os líderes do Partido Ação Nacional (PAN), Ricardo Anaya, e da Revolução Democrática (PRD), Alejandra Barrales, foram ao Instituto Nacional Eleitoral para registrar o denominado Frente Ampla. Uma iniciativa à qual também se somou o minoritário Movimento Cidadão (esquerda).

“Aos milhões de mexicanos que estão fartos do PRI corrupto e ineficaz, hoje lhes dizemos que um México novo é, sim, possível; hoje dizemos a vocês que o Frente está aí”, disse Anaya em ato público.

 

(TEXTO 8 – FOLHA DE SÃO PAULO, 12 DE FEVEREIRO DE 2018)

Agora partido, Farc apresenta plataforma para eleições na Colômbia 

A Força Alternativa Revolucionária do Comum, nome do partido criado a partir da desmobilização da guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), realiza neste sábado (27), ao sul de Bogotá, o lançamento de seus candidatos para as eleições legislativas (11/3) e presidenciais (27/5), além de seu programa de propostas para a Colômbia.

[…]

Isso foi possível graças ao acordo de paz aprovado pelo Congresso colombiano no final de 2016. [VER ATIVIDADE -2017 – NÚMERO XVII] O tratado estabelece que a Farc possa concorrer à Presidência e ao Parlamento, além de receber verba estatal para iniciar suas atividades. Caso os candidatos da legenda não consigam se eleger, o acordo prevê que ela receba cinco vagas extras na Câmara e cinco no Senado.

[…]

Para a Presidência, a Farc apresentará seu líder, Rodrigo “Timochenko” Londoño, recém-regressado ao país, após tratamento de saúde em Cuba.

[…]

No atual Congresso, a oposição ao governo de Juan Manuel Santos, encabeçada pelo ex-presidente Álvaro Uribe, hoje senador, vem colocando impedimentos para a aprovação de itens necessários à concretização do acordo.

 

(texto 9 – Site EBC Agência Brasil, 18 de dezembro de 2017)

Partidos definem candidatos à presidência do Paraguai em 2018 

O senador Mario Abdo Benítez é o candidato do Partido Colorado (no governo) à presidência do Paraguai em 2018. Ele venceu nesse domingo (17), nas eleições internas [do partido], o ex-ministro da Fazenda Santiago Peña, que era apoiado nas primárias pelo atual presidente, Horacio Cartes. […]

Efraín Alegre, presidente do Partido Liberal, será o candidato da oposição, após vencer no pleito interno do partido seu principal adversário, Carlos Mateo Balmelli.

[…]

 

Questão 4

Analise com atenção as informações dos textos 6, 7, 8 e 9 e assinale a alternativa ERRADA.

a) As vitórias de Piñera, no Chile, e de Macri, na Argentina, são encaradas como uma espécie de “guinada à direita” no subcontinente latino-americano.

b) A Frente Ampla, no México, une grupos de esquerda e de conservadores com o objetivo de derrotar o PRI, do presidente Peña Nieto, e o principal candidato, Andrés Manuel Lopez Obrador.

c) O amplo acordo visando transformar a guerrilha das FARC em partido político contou com o apoio não só do atual presidente como também de setores importantes da oposição, como os liderados pelo ex-presidente Álvaro Uribe.

d) Nas eleições presidenciais do Paraguai, desnuda-se uma espécie de polarização entre o Partido Colorado (situação) e o Partido Liberal (atual oposição).

e) Nenhuma das alternativas acima está errada.


Respostas:

1 – D.

2 – B.

3 – C.

4 – C.


Autor: Eduardo Gramani Hipolide

Neste blog, o Professor Eduardo traz à baila assuntos com alta probabilidade de cair nos ENEM, principais vestibulares e concursos públicos, sendo que, desde 2014, vem esmiuçando as tendências dos principais meios de notícia impressa para trazer, “de mão beijada” as questões de atualidades dos próximos certames, bem como possíveis temas de redação.

 

 

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