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Atualidades XXXVI (2018) – Turquia – Eleição de Erdogan – Secularismo versus Islamização – Tensões militares com os Curdos

O exercito Turco se reune próximo à fronteira da Síria em Hassa – Provícia de Hatay em 21 de Janeiro de 2018.  / AFP PHOTO / BULENT KILIC

 

(texto 1 – site nexo jornal, 22 de janeiro de 2018; https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/01/22/Por-que-a-Turquia-bombardeia-os-curdos-na-S%C3%ADria)

Por que a Turquia bombardeia os curdos na Síria 

Ofensiva militar mira separatismo, mas acerta também em interesses sírios, russos e americanos, ampliando os efeitos de um conflito que já dura 7 anos

 

Após ter realizado neste sábado (20) bombardeios aéreos contra alvos curdos na fronteira com a Síria, o governo da Turquia deu início, no domingo (21), a uma incursão terrestre, usando fileiras de tanques de guerra, além da infantaria e de peças de artilharia, na região síria de Afrin. [Ver no mapa abaixo onde fica]

O objetivo da ofensiva militar turca é fazer com que as forças curdas existentes na faixa de fronteira recuem pelo menos 30 quilômetros na direção do interior da Síria. O corredor que a Turquia pretende abrir com esses ataques inclui cidades estruturadas e populosas como Afrin e Manbij, dentro do território sírio.

[…]

 

O peso da questão curda 

A questão central neste conflito é a reivindicação dos curdos de criar um Estado próprio numa vasta extensão territorial que inclui partes da Síria, do Iraque, do Irã, da Turquia e da Armênia. Os curdos constituem a maior população sem Estado do mundo. As estimativas demográficas variam entre 25 milhões e 40 milhões de curdos espalhados por uma área de 500 mil quilômetros quadrados. Na Turquia eles são 15 milhões e correspondem a um quarto da população local.

Durante a guerra na Síria, forças curdas foram fundamentais no combate ao Estado Islâmico – grupo terrorista que se originou no Iraque e passou a agir de forma estruturada na Síria, de onde comandou ataques terroristas contra alvos em diversas partes do mundo, incluindo os EUA e a Europa. Os curdos – especialmente por meio da milícia YPG (Unidades de Proteção Popular, em português) – constituíram a principal força de combate ao Estado Islâmico em solo, enquanto potências maiores, como os EUA e a Rússia, agiam sobretudo por meio de ataques aéreos. Foram os curdos que, em junho de 2015, reconquistaram a cidade síria de Kobane das mãos do Estado Islâmico.

Ao longo desse tempo, os curdos receberam apoio americano e se equiparam, se organizaram e se fortaleceram na região. Uma vez debelada a ameaça comum do Estado Islâmico, era uma questão de tempo até que essa vantagem militar curda passasse a ser percebida como uma ameaça pelos Estados nos quais o grupo reivindica terras e autonomia.

Os curdos são organizados em diversos grupos e partidos diferentes. Na Síria, existem 17 partidos curdos, sendo que o principal deles, o PYD (Partido da União Democrática), é aliado do turco PKK (Partido do Trabalhador Curdo), que, para o governo da Turquia, é um grupo terrorista.

 

(MAPA CURDISTAO)

 

(Mapa – Ataque Turco Contra Avanço Curdo no Norte da Síria)

 

Questão 1

Relacione as informações dos mapas com as do texto acima e analise as afirmações abaixo.

I- Os curdos são a maior população sem Estado no mundo e estão espalhados por uma ampla área que engloba territórios de cinco países: Síria, Iraque, Irã, Turquia e Armênia.

II- Os ataques turcos no norte da Síria ocorreram porque o YPG (milícia curda na região) não conseguiu debelar o avanço do Estado Islâmico, grupo terrorista considerado a principal ameaça pelo governo turco de Erdogan.

III- Os avanços curdos no norte da Síria são vistos como uma ameaça pelo governo da Turquia, país no qual os curdos correspondem a cerca de um quarto da população. O objetivo da ofensiva turca é afastar a milícia YPG da região fronteiriça – sobretudo desbaratando o domínio daquela etnia sobre cidades importantes como Ifrin e Manbij.

IV- A ofensiva turca contra os curdos no norte da Síria contou com o apoio dos Estados Unidos. Isso porque a Rússia, apoiando o governo sírio de Bashar al-Assad, oferece apoio logístico ao projeto de criação do Estado autônomo do Curdistão.

V- A milícia curda YPG tem sido uma importante força contra o Estado Islâmico na Síria. Por isso, recebe o apoio militar dos Estados Unidos – país que, ao mesmo tempo, coloca-se contra o governo sírio e seus aliados russos na região.

São ERRADAS apenas as afirmações:

a) I, III e IV.

b) II e IV.

c) III, e V.

d) I, II, III e IV.

e) III e IV.

 

(texto 2 – folha de são Paulo, 25 de junho de 2018)

Erdogan vence eleições na Turquia 

Com 52,5% dos votos, presidente foi poupado de segundo turno

 

Presidente turco Recep Tayyip Erdogan

 

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi declarado vencedor das eleições deste domingo (24) e terá um novo mandato de cinco anos e a maioria no Parlamento.

Sua vitória foi declarada pelo diretor do Alto Comitê Eleitoral, Sadi Güven, quando a apuração chegou a 97,7% dos votos. Com 99% das urnas apuradas, Erdogan chegou aos 52,5% dos votos para a Presidência.

Com isso, ele recebeu mais de metade dos votos e foi poupado, portanto, de ir ao segundo turno. Ele se consolidou, assim, no poder de um dos países mais influentes do Oriente Médio —ele foi primeiro-ministro de 2003 a 2014 e é presidente desde então.

[…]

Seu principal rival, o social-democrata Muharrem Ince, recebeu apenas 30,7%. Havia bastante expectativa da oposição de que Ince pudesse ir para o segundo turno,

dadas as massas que ele conseguiu reunir na véspera: ao menos um milhão no comício de Istambul.

Já no Parlamento, Erdogan e seu AKP (Partido Justiça e Desenvolvimento) tiveram 53,6% dos votos em parceria com o aliado MHP (Partido de Ação Nacionalista). As eleições legislativas só têm uma etapa.

O bloco de oposição —que inclui a sigla de Ince, o CHP (Partido Republicano do Povo)— somou 34,1% de apoio na Casa.

[…]

Na escola religiosa de Eyüp, em Istambul, o fluxo de eleitores era constante —votavam entre inscrições do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, e uma ilustração do conquistador islâmico Saladino (século XII).

[…]

Estas eleições estavam a princípio programadas para novembro de 2019. Em abril passado o presidente decidiu antecipar a data. Segundo analistas, ele temia que a crise econômica latente pudesse prejudicar a sua reeleição e o futuro do partido dentro do Parlamento.

Os resultados têm grande impacto na Turquia, um poderoso membro da Otan (aliança militar ocidental) que faz fronteira com Síria e Iraque.

Erdogan governou o país nos últimos 15 anos com uma mão cada vez mais pesada, cerceando a imprensa e seus opositores. Depois de uma tentativa frustrada de golpe em julho de 2016, ele promoveu um extenso expurgo em que mais de 140 mil pessoas foram detidas.

[…]

Mais de 50 milhões de turcos, em uma população de 80 milhões, estavam aptos a votar. As urnas foram fechadas às 17h locais (às 11h em Brasília).

Em meio aos receios de atividade terrorista ou violência partidária, o governo empregou 38 mil policiais em Istambul. Apesar dessa preocupação, a jornada eleitoral não teve incidentes de violência. No entanto, algumas organizações de oposição denunciaram fraudes eleitorais, já antecipadas.

 

 

(texto 3 – folha de são Paulo, 25 de junho de 2018)

Oposição afirma que eleições na Turquia foram fraudadas 

 

As eleições na Turquia são contestadas pela oposição.

Em sinal de tumultuosos dias por vir, a oposição turca contestou o resultado das eleições de domingo (24), em que Recep Tayyip Erdogan foi reeleito à Presidência, e afirmou ter havido fraude.

[…]

Já houve denúncias de fraude em outras ocasiões na Turquia, em especial no plebiscito constitucional celebrado no ano passado, quando o país decidiu trocar o sistema parlamentar pelo presidencial, algo que beneficiou Erdogan.

Com essa preocupação em mente, a organização independente Oy ve Ötesi acompanhou os locais de votação com milhares de voluntários.

“Quando determinados grupos políticos têm demasiada presença em torno das urnas, isso pode levar a disrupções nos resultados”, afirmou à Folha um dos líderes do grupo, Sercan Çelebi, enquanto as eleições ainda estavam em andamento.

“Enviamos monitores aos locais de voto, portanto, para garantir o equilíbrio do pleito”, afirmou.

Nas últimas semanas, entretanto, grupos de monitores ligados à sigla pró-curda HDP (Partido Democrático do Povo) foram detidos. Durante o domingo, circularam vídeos que supostamente mostravam interferência nas cédulas, algo que não foi confirmado oficialmente.

 

Questão 2

Com base nas informações dos textos 2 e 3, assinale a alternativa ERRRADA.

a) No poder na Turquia desde 2003, Erdogan venceu a eleição de junho para presidente e, ao mesmo tempo, garantiu maioria no Parlamento com a vitória de sua coligação (AKP, partido dele próprio, e MHP, principal partido aliado).

b) Após uma vitória no plebiscito do ano passado (que transformou o sistema parlamentarista em presidencialista), Erdogan antecipou as eleições deste ano temendo a influência da crise econômica do país na decisão dos eleitores.

c) O partido curdo HDP contestou a legitimidade do processo eleitoral e, por isso, alguns de seus membros sofreram represálias por parte das forças legalistas.

d) A Turquia é considerada influente no Oriente Médio, dentre outras razões, porque pertence à Otan (aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos).

e) Não obstante as críticas que recebe da União Europeia, Erdogan vem mantendo a estabilidade institucional democrática em seu país e venceu as eleições com a anuência das forças opositoras em geral.

 

 

(texto 4 – folha de são Paulo,21 de junho de 2018)

Em meio a domínio islâmico, secularismo busca sobrevida na Turquia 

Embate entre religião e laicismo está no centro da eleição para a Presidência e o Parlamento

 

Muçulmanos rezam na Mesquita de Sultanahmet, também conhecida como Mesquita Azul em Istambul na Turquia.

Famílias se espalham pela grama de um parque de Esmirna no entardecer da quarta-feira (20). Enquanto observam o mar nesta cidade do oeste da Turquia, são vigiadas por um enorme cartaz com a silhueta de Mustafa Kemal Atatürk, dito pai da República turca.

Ele é um dos ícones do país. À noite, o contorno de seu retrato é iluminado. Mas, em algumas esferas, a Turquia que vai às urnas neste domingo (24) se parece pouco com aquela que o fundador idealizou. Um exemplo é a religião.

A interseção entre fé e política será um dos assuntos centrais dessa eleição, em que turcos votam para presidente e para o Parlamento. O atual mandatário, Recep Tayyip Erdogan, e seus aliados devem vencer, mas com dificuldade.

Atatürk (1881-1938) promoveu uma separação brusca entre religião e Estado quando instituiu sua república em 1923, em um país que até então era a sede dos califas*. Ele substituiu a “sharia” (a lei islâmica) por códigos civis baseados nas leis europeias.

Essas ideias, que por algum tempo dominaram a política turca, foram aos poucos desmontadas pelo governo do AKP (Partido Justiça e Desenvolvimento), de

Erdogan. Premiê de 2003 a 2014, ele defende que a Turquia abrace sua identidade islâmica.

Assim, encarna um setor conservador bastante diferente do de Atatürk. […]

Erdogan voltou a permitir o uso do véu em cargos públicos e no Exército, por exemplo, e organizou rezas cerimoniais dentro de seu próprio palácio, algo inédito na república.

Sua nova frente é o fomento a escolas religiosas, cujo número saltou de 450 a 4.500 durante os 15 anos de seu mandato (como premiê e presidente). O orçamento destinado à educação religiosa foi turbinado neste ano em 68%.

Esses planos incomodam em especial os moradores de Esmirna, o bastião secular do país. Nessa cidade, a maior depois de Istambul e Ancara, a força de oposição CHP (Partido Republicano do Povo) teve, em 2015, 47% dos votos, o dobro da média nacional.

Tamanha é a importância desse eleitorado —há 4,2 milhões de habitantes, em um país de quase 80 milhões— que o presidente Erdogan começou ali a sua campanha.

“Com tanto investimento na educação religiosa, há cada vez menos espaço nas escolas seculares”, diz um morador de Esmirna chamado Erdogan, como o presidente. Ele não dá seu sobrenome.

[…]

Essa não é a única mudança que ele viu na última década. Ficou mais difícil comprar cerveja, por exemplo, com as crescentes restrições deste governo —o que o convenceu a votar em Muharrem Ince, do CHP, para presidente.

[…]

O comerciante Mose Sadi, 62, concorda com as críticas à educação islâmica. “O governo tem investido nas escolas religiosas, onde os alunos só estudam coisas antigas. Temos que pensar mais no futuro, na ciência”, diz. Judeus, seus antepassados vieram de Portugal há séculos fugindo da perseguição religiosa.

O embate entre secularismo e religião, no entanto, não tem soluções fáceis. Apesar do rechaço de segmentos mais seculares, a retórica islâmica ainda goza de amplo apoio.

Atatürk é de fato idolatrado no país, e seus retratos enfeitam a paisagem urbana, mas a maneira como ele promoveu o secularismo é questionada.

A narrativa de Erdogan é a de que os religiosos foram marginalizados pelos criadores da república. Esperaram até seu mandato para ser ouvidos.

[…]

Dündar Tanriverdi, 65, secretário-geral em Esmirna do partido pró-secularismo IYI, discorda. “A visão secular de Atatürk não era a de viver sem religião, mas a de separar a religião da política”, diz Tanriverdi, criticando o presidente Erdogan. “Um governo não pode ter uma crença, mas um povo, sim.”

 

*Califa é um título atribuído ao líder religioso da comunidade islâmica, considerado pelos muçulmanos como um dos sucessores do profeta Maomé.

O califa é o chefe máximo de um califado, que consiste numa espécie de sistema de governo dos muçulmanos que se baseia nas leis islâmicas (sharia).

Os califas representam a maior autoridade jurídica, política, militar, social e religiosa dentro de seus califados. Comparativamente, um califa pode ser considerado um tipo de imperador, sob a ótica do mundo ocidental.

 

Questão 3

De acordo com as informações e análises do texto acima (texto 4), assinale a alternativa correta.

a) Desde sua fundação, a República turca criou um modelo de governo que se assemelha com o das monarquias árabes no Oriente Médio. Isso porque, assim como elas, o governo republicano na Turquia, desde Atatürk, tem como fundamento a sharia (lei islâmica).

b) Rompendo com a tradição conservadora e fundamentalista até então predominante na Turquia, Erdogan vem promovendo a laicização do Estado e criando leis que proíbem a utilização de símbolos religiosos em órgãos públicos, além de desestimular o ensino religioso nas escolas.

c) Atatürk e Erdogan são hoje símbolos de um mesmo movimento político, que visa incentivar a influência da religião sobre o Estado e promover a criação de um califado na Turquia. O próprio Atatürk, para concentrar poder em sua época, conferiu a si mesmo o título de califa ao criar o governo republicano naquele país.

d) O texto alude à contraposição entre a figura de Atatürk (fundador da República turca) e a de Erdogan (atual presidente). Isso porque o primeiro instaurou o Estado laico e zelou pelo secularismo do governo no país, enquanto que o segundo, junto com o seu partido (AKP), vem incentivando a religião islâmica por meio de ações governamentais.

e) O CHP (Partido Republicano do Povo), principal aliado de Erdogan, defende a influência dos preceitos religiosos no governo e, por isso mesmo, obtém o respaldo de boa parte da população de Esmirna, onde o conservadorismo religioso possui sua maior base eleitoral.


Autor: Professor Eduardo Gramani Hipolide

Neste blog, o Professor Eduardo traz à baila assuntos com alta probabilidade de cair nos ENEM, principais vestibulares e concursos públicos, sendo que, desde 2014, vem esmiuçando as tendências dos principais meios de notícia impressa para trazer, “de mão beijada” as questões de atualidades dos próximos certames, bem como possíveis temas de redação.

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