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Atualidades II (2019) – Método Fônico Versus Global Construtivista

Por Eduardo Hipolide

(Texto 1 – O Globo, 20 de março de 2019)

Entenda o que é o método fônico, que o MEC privilegia em sua política de alfabetização

Metodologia que ensina a associar letras a seus sons ainda é amplamenteadotada no Brasil e em outros países, mas críticos a consideramultrapassada e defendem mistura de métodos

RIO — A Política Nacional de Alfabetização, um dos projetos que o governoBolsonaro pretende apresentar em seus 100 primeiros dias, pretende erradicar oanalfabetismo no Brasil apostando no método fônico (ou fonético) de alfabetização.


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Nele, a alfabetização se dá através da associação entre um símbolo (a letra, ougrafema) e seu som (o fonema). A criança aprende a reconhecer o som de cada letrapara, a partir daí, ser capaz de combiná-las de modo a formar sílabas e palavras.

O ensino se inicia pela forma e pelo som das vogais, seguidas pelas consoantes.Parte-se dos sons mais simples para os mais complexos.

Há registros formais do uso do método fônico desde 1719, na França. No Brasil, ele passou a ser amplamente usado em substituição ao método da soletração (ou alfabético), que vigorou até a década de 1980.

Há registros formais do uso do método fônico desde 1719, na França. No Brasil,ele passou a ser amplamente usado em substituição ao método da soletração (oualfabético), que vigorou até a década de 1980.

Hoje, a metodologia fônica rivaliza com as técnicas associadas aoconstrutivismo — em que se parte de textos e experiências sobre as funções dalinguagem rumo a palavras, letras e sons—, considerado mais moderno. Educadores são praticamente unânimes em afirmar que não se deve eleger um únicométodo de alfabetização e há divergências sobre o alcance da técnica fônica.

O principal defensor do método é Carlos Nadalim, secretário de Alfabetizaçãodo MEC. Mestre em Educação e seguidor do escritor Olavo de Carvalho, ele já afirmouque o construtivismo foi um “erro” do sistema educacional brasileiro.

A concepção fônica do ensino da leitura é uma recomendação de governo emPortugal, França, Chile, Itália, Inglaterra e Estados Unidos. O método é adotado comopadrão em países como Cuba, Israel, Canadá, Bélgica e Alemanha.

Questão 1

Relacione as informações da videoaula com as do texto acima e assinale a alternativacorreta.

a) O método construtivista de alfabetização consiste em partir das partes para o todo.

b) No método construtivista, cabe ao professor ensinar primeiro os grafemas para sódepois apresentar os fonemas.

c) A Política Nacional de Alfabetização busca erradicar o analfabetismo apostando nométodo global.

d) Para os defensores do método construtivista, partir do simples para o complexosignifica ir do todo para as partes.

e) Hoje, o método construtivista de alfabetização é predominante no Brasil e nomundo


(texto 2 – Folha de são Paulo, março de 2019)

A rede pública de ensino deve priorizar o método fônico dealfabetização?

Sim

João Batista Oliveira

A maioria das escolas brasileiras não consegue alfabetizar seus alunos. Algunsse alfabetizam, enquanto a maioria fica à margem. […]

No caso da alfabetização, a questão do método é importante e tem sido alvo de intensos arroubos e destemperos verbais. Três grupos divergem em aspectos importantes da questão.

O primeiro é formado por pesquisadores e profissionais que trabalham combase em evidências acumuladas sob o guarda-chuva da “Ciência Cognitiva da Leitura”.Esse grupo reconhece que o ensino da alfabetização deve ser feito de formasistemática e explícita, com sequência, materiais e métodos próprios; e, portanto, emparalelo, mas não ao mesmo tempo que o ensino de outros componentes linguísticos—como a redação, o estudo do vocabulário ou a compreensão de textos.

A razão para isso se encontra nas limitações do cérebro em processarinformações e na importância do uso consistente de regras para identificar as palavras—se o aluno aprende a ler ora usando as regras de decodificação, ora adivinhando apalavra pela forma ou pelo contexto, ele nunca será um bom leitor.

[…]

O segundo grupo é formado sobretudo por educadores e especialistas emestudos da língua, que advogam o ensino contextualizado da alfabetização: o ponto departida é o texto, não a palavra ou o sistema alfabético.

Esse grupo reconhece a importância dos métodos fônicos, mas não reconhece anecessidade de seu ensino sistemático e explícito. Apoia suas convicções em princípiosteóricos e não se preocupa em apresentar evidências. É a tese vencedora no Brasil hámais de 40 anos, patrocinada pelo MEC e pelas faculdades de educação em todo o país—e os resultados estão aí.

O terceiro grupo é formado por pessoas e instituições que compartilham a visãoteórica do segundo grupo, mas ignoram as evidências científicas sobre a importânciado método fônico, minimizam a relevância de métodos, advogam o uso de métodosmistos e não apresentam resultados de seu trabalho. Com essas pessoas e instituiçõesé impossível dialogar.

Um simples exemplo ajuda a entender a diferença prática entre essas visõessobre o lugar da alfabetização no ensino escolar. Quando ensinamos os fundamentosbásicos do balé, as crianças não começam dançando “O Lago dos Cisnes”.

Elas aprendem primeiro os fundamentos, de forma linear, sem ambiguidades.Ninguém aprende a se equilibrar “do seu jeito”.

É treino pesado na barra, com foco na técnica. Aos poucos, vão se tornandocapazes de articular movimentos e adquirir um repertório de habilidadesfundamentais para participar de atividades mais integradas —fazendo “pontas” em apresentações escolares, ainda sem muita ideia do todo, mas absorvendo o contexto.Tudo a seu tempo e em seu devido lugar.

É isso que propõe a Ciência Cognitiva da Leitura. É a isso que resistem nossoseducadores. Para eles importa a teoria, não as evidências.

João Batista Oliveira
Psicólogo e doutor em educação, preside o Instituto Alfa e Beto, que desenvolveu o Programa Alfa eBeto de Alfabetização

Questão 2

Com base apenas no texto 2, podemos afirmar:

a) o autor responsabiliza a chamada Ciência Cognitiva da Leitura pelo fracasso daalfabetização no Brasil;

b) em sua defesa do método fônico, o autor parte do princípio de que o cérebro possuilimitações para processar informações;

c) João Batista Oliveira enfatiza o embasamento teórico em detrimento das evidênciasempíricas;

d) segundo o autor, a tese construtivista vem sendo divulgada pelo MEC ao longo dosúltimos anos, redundando em um enorme fracasso.

e) Letras b e d conjugadas.


(texto 3 – folha de são Paulo, março de 2019)

A rede pública de ensino deve priorizar o método fônico dealfabetização?

Não

Alessio Costa Lima

[…]

Em 2018, 5.763.169 crianças estavam matriculadas nos 1º e 2º anos do ensinofundamental. Dessas, 3.839.514 estavam sob a responsabilidade das redes municipaisde ensino. Imaginem decretar que, a partir de agora, todas essas crianças, das 5.568redes municipais de ensino do país, deverão ser alfabetizadas apenas por umdeterminado método, ou “prioritariamente” por um método de alfabetização,independentemente de seus méritos e/ou limitações.

É sempre importante relembrar que a Constituição Federal determina que oensino será ministrado com base no pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas.

Compreendemos que a definição de um método de alfabetização representauma série de escolhas referentes a didáticas; organização do tempo e espaço escolar;conhecimentos, habilidades, atitudes, valores, aprendizagens essenciais a seremdesenvolvidas; seleção de materiais pedagógicos; processo de avaliação; entre outras.Tal definição se dá, de maneira coletiva, considerando o currículo da rede e o projetopolítico-pedagógico da escola, mas, principalmente, por meio do conhecimento e davivência do professor sobre a aprendizagem de seus alunos.

O importante para o professor e para o gestor é garantir o direito à educação, àalfabetização e à aprendizagem das crianças. E não cumprir à risca a exigência legal por um determinado método, ou sua imposição por meio de uma política pública nacional,desrespeitando e ferindo a autonomia pedagógica do professor, resguardada pelosprincípios da educação.

A alfabetização, em toda a sua complexidade, é constituída por um conjunto desaberes. Assim, o conflito entre concepções e métodos não pode deixar que o objetivomaior não seja alcançado: garantir a aprendizagem e alfabetizar as crianças.

Entendemos que o melhor método de alfabetização é aquele utilizado comsegurança pelo professor e que leve os seus alunos à aprendizagem.

A nossa experiência aponta que não é o método específico isolado que garante osucesso de aprendizagem, mas, sim, o conjunto de fatores que circunscreve o processode alfabetização, tais como: as condições de trabalho ofertadas; materiais didáticos epedagógicos adequados e suficientes; professores devidamente habilitados equalificados; acompanhamento pedagógico e processos de avaliação.

Por isso, é preciso pensar em políticas de Estado democráticas, dialogadas, participativas, integradas e de maneira continuada, buscando avançar sempre.

Alessio Costa Lima
Presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação)

Questão 3

De acordo com o texto acima (texto 3), escolha a alternativa correta.

a) Com base na Constituição, o autor do texto defende a adoção irrestrita de um únicométodo: o global (ou construtivista).

b) Alessio afirma que, no processo de alfabetização, o sucesso alcançado não tem nadaa ver com as condições em que o ensino se dá, mas com as escolhas pedagógicasadotadas pelo professor.

c) O autor não reconhece nenhum valor no método fônico que, segundo ele, foi oprincipal responsável pelo fracasso da alfabetização no Brasil.

d) Alessio defende a autonomia do professor e da escola, que devem adaptar asescolhas didáticas e pedagógicas às necessidades dos alunos.

e) Ao enfatizar a autonomia de cada professor, Alessio desconsidera a importância dosprojetos pedagógicos construídos coletivamente pelos educadores.

Gabarito:
1- D; 2- E; 3- D