INTRODUÇAO
Perguntas prévias
1a- Faça uma pesquisa sobre as diferenças entre xiismo e sunismo. Agora, aponte os países muçulmanos em que cada tendência é predominante junto ao governo e/ou à população.
1b- Quem são os alauítas na Síria? Por que eles são importantes naquele país?
2- Analise um mapa do Oriente Médio prestando atenção na localização da Síria.
3- O que é uma guerra civil?
4a- O que é a jihad? De que forma essa ideia religiosa influencia os grupos terroristas islâmicos?
4b- Quais são os principais grupos jihadistas atuando em âmbito internacional nos dias de hoje? Alguns deles participam direta ou indiretamente da guerra civil na Síria? Qual (ais)?
5- Pesquise o que é o Conselho de Segurança da ONU e veja quais são suas prerrogativas e quais os países que dele fazem parte.
ATIVIDADE
A atividade da semana é muito rica em informações e reflexões!!! Ela apresenta três textos, duas charges e um mapa temático. O primeiro texto foi publicado no Guia do Estudante (Atualidades) de 2014. Como ele já é meio antigo, tive de realizar uma adaptação acrescentando informações mais recentes. O segundo texto é uma reportagem que foi publicada no jornal O Estado de São Paulo do dia 7 de abril de 2017. O terceiro é parte de uma reportagem publicada no jornal Folha de São Paulo do dia 8 de abril de 2017. A primeira charge apresentada na atividade é do cartunista Carlos Lattuf e foi publicada no site Mondoweiss no dia 8 de abril de 2017 (http://mondoweiss.net/2017/04/trump-everyone-swoons/). A charge 2, por sua vez, é do cartunista Laerte e foi publicada no dia 10 de abril deste mesmo ano no jornal Folha de São Paulo. Já o mapa temático foi publicado nesse mesmo jornal no dia da reportagem do texto 2. Analise tudo com muita atenção e responda às questões que vêm na sequência.
TEXTO 1
PARA ENTENDER O CONFLITO SIRIO – GUIA DO ESTUDANTE ATUALIDADES (ADAPTADO)
Guerra na Síria
O ditador da Síria, Basshar al–Assad, pertence ao grupo social e religioso alauita (vertente xiita do islamismo) e reprimiu com violência os protestos pacíficos por democracia na Síria. Isso levou a população, de maioria islâmica sunita, a pegar em armas para derrubar o governo. Passados seis anos, o país está imerso em uma guerra civil sectária entre forças do regime que o apoiam e milícias rebeldes.
A guerra civil na Síria já é considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a maior tragédia humanitária em décadas: 470 mil mortos e 11,2 milhões de refugiados e deslocados internos*. […]
O conflito também ameaça desestabilizar a região, porque o governo alauita da Síria forma, junto com o Irã e o Hezbollah do Líbano, um “arco xiita” que faz oposição a Israel, ao Egito e às monarquias sunitas do Golfo Pérsico. Mundialmente, o primeiro conjunto alinhou-se desde a Guerra Fria com a Rússia e, indiretamente, com a China, enquanto o segundo tem o apoio dos EUA e da União Europeia.
No Conselho de Segurança da ONU, os EUA, a França e o Reino Unido defendem a derrubada de Bashar. […] [Mas esse grupo de países] não consegue impor sanções internacionais porque [estas] são vetadas por China e Rússia. Os russos, especialmente, são tradicionais aliados e fornecedores de armas para a Síria e possuem até uma base de apoio a sua marinha de guerra no litoral do país, que foi desativada em razão da guerra civil. A Rússia fez várias advertências para que não haja um ataque militar do Ocidente ao país.
Enquanto as potências ocidentais não encontram um caminho de solução, o conflito está se espalhando na região. Como a guerra síria opõe o regime alauíta-xiita a uma rebelião sunita, os poderes regionais transformaram a Síria em campo de batalha pela influência dessas duas tendências no Oriente Médio, como numa partida de xadrez.
[…]
Rebeldes em confronto
A evolução mais recente no conflito sírio é o combate de rebeldes islâmicos armados entre si. As brigadas extremistas, defensoras de um Estado islâmico, romperam [há muito] com as facções moderadas, pró-democracia. Para complicar a situação, [o ISIS (Estado Islâmico), dissidência extremista da Al-Qaeda, abriu uma importante frente de batalha na Síria]. Washington vive um impasse, pois a continuidade da ditadura em Damasco talvez seja um mal necessário para impedir uma eventual ascensão de correntes ligadas à Al Qaeda, de Osama bin Laden e [ao Estado Islâmico], correntes que podem transformar a Síria em uma base para ataques terroristas contra alvos norte-americanos e Israel. […]
A situação de Bashar al-Assad na política externa [havia melhorado] depois que ele concordou em destruir seu arsenal de armas químicas com supervisão internacional. A questão havia se tornado um forte argumento para Estados Unidos e União Europeia, depois que um ataque com gás sarin, nos arredores de Damasco, em agosto de 2013, matou centenas de pessoas. O massacre chocou a comunidade internacional e quase levou os EUA a lançarem um ataque punitivo contra o regime. A Síria então concordou em eliminar seu arsenal químico até julho de 2014, com supervisão independente internacional. […]
Em outro gesto de cooperação, o regime sírio aceitou participar, em janeiro de 2014, das primeiras conversações com a oposição para tentar uma solução política para o conflito. Mas o encontro, em Genebra, terminou sem acordo sobre a formação de um governo de transição.
* Informações de 2007
TEXTO 2 – O ESTADO DE SAO PAULO (7 DE ABRIL DE 2017)
Trump ordena ataque dos EUA contra tropas sírias apoiadas pela Rússia
Após acusar governo de Damasco de utilizar armas químicas contra civis, presidente americano autoriza ação militar com dezenas de mísseis Tomahawk lançados de destróieres no Mediterrâneo; bombardeio representa mudança na estratégia do país WASHINGTON – Os EUA fizeram na quinta-feira, 6, sua primeira ofensiva militar direta contra posições do governo Bashar Assad na Síria, em retaliação ao ataque com armas químicas que provocou a morte de cerca de 100 pessoas na terça-feira. O bombardeio contra pistas de pouso, aviões e centrais de abastecimento representa uma guinada na posição do governo de Donald Trump. Na semana passada, ele declarou que o afastamento do dirigente sírio havia deixado de ser uma prioridade para Washington.
O ataque também representa um contraste com a posição menos intervencionista defendida pelo presidente durante a campanha, quando repetiu que os EUA não poderiam ser a “polícia do mundo” e deveriam colocar questões domésticas em primeiro lugar. Na noite de quinta, Trump disse que combater o uso de armas químicas faz parte da defesa de “interesses de segurança nacional vitais” dos EUA. […]
O presidente disse que o alvo dos mísseis lançados pelos EUA foram pistas de pouso usadas pelos aviões que realizaram os ataques químicos de terça-feira. Esse mesmo tipo de ação havia sido defendido horas antes por Hillary Clinton, a democrata derrotada por Trump na eleição de novembro.
“Na noite de hoje, eu conclamo todas as nações civilizadas a se unirem a nós na busca de um fim da matança e do derramamento de sangue na Síria e também para acabar com os terroristas de todos os tipos e formas”, afirmou Trump. Segundo a Associated Press, a TV estatal síria noticiou o ataque contra vários alvos militares do país e o classificou de “agressão”. […]
Parlamentares republicanos e democratas elogiaram a decisão de agir contra Assad. [… ]
Guinada
O ataque químico também parece ter provocado uma mudança de posição de Trump em relação à Rússia, principal aliada do regime sírio. Durante a campanha e depois de sua posse, o presidente manifestou o desejo de cooperar com Vladimir Putin e o próprio Assad no combate ao terrorismo.
“Claramente, a Rússia fracassou em suas responsabilidades. Ou a Rússia foi cúmplice ou foi simplesmente incompetente em sua habilidade de cumprir sua parte do acordo”, disse Tillerson, em relação à negociação coordenada por Moscou em 2013 depois de outro ataque químico que deixou quase 1.500 mortos.
Na época, Assad se comprometeu a entregar todo o seu arsenal de armas químicas à comunidade internacional. No início da madrugada, o Pentágono afirmou que as forças russas no território sírio foram alertadas com antecedência sobre o ataque. A base atacada era compartilhada por tropas sírias e russas. [….]
A ofensiva de quinta contrasta com a posição adotada pelo ex-presidente Barack Obama naquela época, quando ameaçou atacar a Síria e voltou atrás depois do acordo fechado por Moscou. Meses antes, ele havia dito que esse tipo de ação por parte do regime sírio cruzaria uma “linha vermelha” e teria resposta dos EUA.
[…]
TEXTO 3 – FOLHA DE SAO PAULO (8 DE ABRIL DE 2017)
Após ataque americano, Rússia promete reforçar defesa aérea síria
Bombardeio de base por uso de arma química eleva tensão entre as potências Ação, de efeito militar praticamente nulo, foi “agressão” baseada em “pretextos inventados”, afirma presidente Putin
A Rússia vai reforçar a defesa aérea da Síria como forma de tentar evitar novos ataques dos Estados Unidos contra o regime do ditador Bashar al-Assad, protegido do presidente russo Vladimir Putin.
O anúncio tem mais potencial retórico, uma vez que ninguém acredita em um confronto militar entre as duas potências nucleares na esteira do bombardeio que deixou nove mortos executado pela gestão Donald Trump na madrugada de sexta, mas embute riscos potenciais.
[..]
Putin classificou a ação uma “agressão contra um Estado soberano” baseada “em pretextos inventados”. Segundo seu porta-voz, o ataque “causa prejuízo considerável às relações entre EUA e Rússia, que já se encontram em um estado lamentável”.
É provável que a Rússia use suas próprias armas para aumentar a capacidade síria. […]
Bashar al-Assad, por sua vez, considerou a ação americana “irresponsável e imprudente”. Seu governo nega ter empregado gás sarin, uma das armas químicas que ele se comprometeu a não usar em acordo costurado por Putin para deter um ataque americano em 2013.
[…]
EXERCICIOS
1- Sobre o conflito na Síria, NÃO podemos afirmar:
a) Dura seis anos e já causou a morte de quase 500 mil pessoas; fez também com que mais de 11 milhões de habitantes deixassem suas residências. Por isso, ele é considerado pela ONU como sendo a maior tragédia humanitária em décadas.
b) Trata-se de uma guerra civil que opõe o governo aluita-xiita de Bashar al-Assad a inúmeras milícias rebeldes que compõem um amplo leque de tendências – desde grupos moderados que pregam a democracia até facções extremistas de tendência religiosa, como o Estado Islâmico.
c) Em âmbito internacional, opõe as potências ocidentais – que se colocam contra o regime de Bashar al-Assad – a nações como a Rússia e o Irã, que oferecem apoio ao governo do ditador sírio.
d) Desde o início do conflito, os países do mundo ocidental vêm se esforçando efetivamente para combater o regime de Bashar al-Assad, uma vez que ele permite a ascensão de grupos extremistas como o Estado Islâmico, que vem conquistando territórios no interior da Síria.
e) Os grupos rebeldes, em grande quantidade (incluindo o Estado Islâmico), são formados por sunitas que não aceitam o governo alauita-xiita de Bashar al-Assad. Este, por sua vez, forma com o Irã e o Hezbollah do Líbano um “arco xiita” que se opõe a vários governos do Oriente Médio.
2- Após um ataque com gás sarin realizado em agosto de 2013, o governo de Bashar al-Assad concordou em eliminar seu arsenal químico até julho do ano seguinte. O acordo, na ocasião, foi coordenado pela Rússia e a destruição das armas químicas contou com uma supervisão independente internacional. Relacionando esta informação com os conteúdos dos textos 2 e 3, podemos afirmar que:
a) Rex Tillerson, Secretário de Estado norte-americano, mantendo a política de aproximação com a Rússia, isentou o governo desse país de qualquer responsabilidade diante dos ataques de 4 de abril e afirmou que a culpa foi exclusivamente do regime sírio.
b) O próprio governo sírio reconheceu a transgressão à negociação de 2013 e, assim como fizera em 2013, assumiu sua responsabilidade no ataque de 4 de abril deste ano.
c) Os ataques estadunidenses contra a Síria neste ano nada mais foram do que uma reedição da intervenção promovida pelo presidente Obama em 2014.
d) Comparado com o ataque químico de 2013, o deste ano causou um número de mortos e feridos bem maior. Por isso, rompendo com a política de seu antecessor, Trump resolveu atacar pistas de pouso, centrais de abastecimento e aviões controlados pelo regime sírio.
e) Enquanto os Estados Unidos responsabilizaram os governos da Síria e da Rússia pelos ataques químicos deste ano, Putin e Bashar al-Assad negaram o envolvimento do regime sírio e acusaram os EUA de realizarem uma intervenção agressiva e desnecessária.
3- Relacionando as informações das duas reportagens (textos 2 e 3), podemos afirmar que:
a) O anúncio “retórico” da Rússia, por apresentar um “efeito militar praticamente nulo”, não representa risco potencial no que diz respeito às relações entre aquele país e os Estados Unidos.
b) Os bombardeios estadunidenses do dia 6 de abril representam uma solução de continuidade em relação à política dos EUA durante o governo Obama e estão de acordo com a própria postura adotada por Trump durante a campanha eleitoral; isso porque, em sua campanha, o atual presidente prometeu fazer com que o seu país se transformasse em “polícia do mundo”.
c) O ataque americano contra a Síria representa uma mudança na posição dos EUA em relação ao conflito da Síria; de certa forma, tal ataque rompe também com a postura amistosa que o presidente Trump manifestava até então em relação à Rússia e ao seu presidente, Vladimir Putin.
d) Como vem ocorrendo desde o início de seu governo, em sua ação militar, Trump enfrenta a nítida oposição dos políticos democratas e republicanos, que rejeitam a postura agressiva de seu governo e pedem para que o presidente cumpra com a promessa de cuidar dos problemas internos dos EUA.
e) Repercutindo as rivalidades da campanha eleitoral, a ação militar de Trump (Partido Republicano) opõe-se à postura adotada por sua adversária, Hillary Clinton (Partido Democrata); enquanto a segunda defende uma ação diplomática em relação a Bashar al-Assad, o primeiro assume uma nítida inclinação beligerante frente ao regime sírio.
4- A charge abaixo representa Donald Trump com um livro da Doutrina Bush na mão. O termo “Doutrina Bush” foi utilizado para descrever uma série de princípios relacionados com a política externa do ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush (2001-2009). Tais princípios foram declarados como resultado dos atentados de 11 de setembro de 2001. Essa doutrina tinha como supostos objetivos combater o terrorismo internacional e acabar com as armas de destruição em massa – weapons of mass destruction (WMDs – na sigla em inglês). Além de retratar o atual presidente dos EUA, o cartunista representa também sua adversária nas eleições do ano passado (Hillary Clinton) e um jihadista do Estado Islâmico – ISIS, na sigla em inglês. Relacione o conteúdo da charge com as informações dos textos e do mapa temático publicado na Folha de São Paulo. Em seguida, assinale a alternativa ERRADA
a) A charge apresenta a ideia segundo a qual a Doutrina Bush – assim como o ataque de Trump e a postura beligerante de Hillary Clinton – tem o poder de neutralizar as forças terroristas em ação no Oriente Médio.
b) Na charge, o terrorista do Estado Islâmico está comemorando porque o regime de Bashar, na Síria, combate o grupo extremista; já, a ação militar de Trump, por romper com o impasse do governo estadunidense – que possivelmente via no regime sírio um “mal necessário” na luta contra o terrorismo -, favorece, segundo o cartunista, o fortalecimento do grupo extremista.
c) De uma certa forma, podemos afirmar que a charge está de acordo com o texto 2 (O Estado de São Paulo) porque este último afirma que Hillary já defendia uma intervenção militar contra a Síria, enquanto a primeira (charge) mostra o apoio da ex-candidata à própria intervenção realizada pelo governo Trump.
d) Podemos afirmar que a representação do mapa da Síria (na charge) como um mar de lama está de acordo com as informações do texto 1 e do mapa temático publicado no jornal Folha de São Paulo; isso porque o texto faz menção à declaração da ONU – segundo a qual o conflito na Síria é a pior crise humanitária das últimas décadas – e o mapa da Folha mostra que o país virou uma “colcha de retalhos”.
e) Além de não fazer menção à Rússia, a charge defende a ideia segundo a qual a intervenção militar na Síria representa uma ação de continuidade em relação à Doutrina Bush e tem como pretexto o combate às armas de destruição em massa.
5- Compare os conteúdos das duas charges e assinale a alternativa ERRADA.
a) As duas apresentam os Estados Unidos como uma nação beligerante.
b) Enquanto a primeira (de Lattuf) apresenta um conteúdo mais específico, a segunda (de Laerte) apresenta uma crítica mais genérica.
c) Ambas omitem a participação do governo russo na Síria – assim como a reação de Putin aos ataques norte-americanos.
d) Enquanto a primeira (de Lattuf) faz menção ao Estado Islâmico, a segunda (de Laerte) ignora o grupo terrorista.
e) As duas fazem menção aos ataques químicos supostamente realizados pelo governo sírio.
Autor: Eduardo Gramani Hipolide
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