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Atualidades VIII (2018) – TECNOMUNDO – A influência das Novas Tecnologias em Nossa Vida Cotidiana

Star Trek the Next Generation – Capitão Jean Luke Picard assimilado pela raça cibernética Borg.

 Apresentação 

Esta atividade traz reflexões importantes sobre a influência das novas tecnologias em nossa vida cotidiana. No entanto, antes de apresentar o texto mais importante (texto 4), achei necessário esmiuçar os significados de dois termos fundamentais nesta discussão: biometria e algoritmos. Por isso, selecionei alguns vídeos e textos que servem de reflexão prévia. Realize com atenção as atividades 1, 2 e 3. Caso contrário, a realização da questão 4 (a mais importante) ficará inviabilizada. Divirta-se!

 

Biometria 

 

(texto 1 – folha de são Paulo, 11 de maio de 2017) 

Temer sanciona documento único de identificação que só valerá em 2022 

Modelo de documento único de identidade

O presidente Michel Temer sancionou nesta quinta-feira (11) a lei que cria a Identificação Civil Nacional, que prevê biometria e reunirá em uma só base de dados todos os outros registros do cidadão, como RG, CPF e título de eleitor.

O sistema, porém, deve começar a valer somente a partir de 2022, quando a Justiça Eleitoral completar o cadastro único da população.

[…]

 

(texto 2 – revista caros amigos, número 87 – janeiro de 2018) 

O desenvolvimento de uma das maiores bases de identificação biológicas do mundo é protagonizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que trabalha para obter o conjunto de características de 145 milhões de brasileiros obrigados a revalidar seu título eleitoral através do processo biométrico. Os custos da compra de kits biométricos, bem como os valores necessários à remodelação não foram informados.

As experiências de eleitores que usaram o novo método durante a votação de 2016 relatam facilidade para a identificação. No pleito, mais de 36 milhões de eleitores de 1.541 cidades passaram pela biometria antes de votar e hoje já há mais de 50 milhões de cidadãos com as digitais cadastradas na Justiça Eleitoral, o que corresponde a pouco mais de um terço dos eleitores.

Fonte: http://www.tre-rj.jus.br/

Estima-se para 2022 a finalização de todo o processo junto à totalidade do eleitorado – o ritmo atual chega a 100 mil cadastrados diários. É desse recadastramento que depende o projeto de Identificação Civil Nacional (ICN), aprovado pela Câmara e pelo Senado, no início do ano legislativo. A medida pretende unificar os documentos dos brasileiros em uma nova carteira de identidade [ver texto 2 – abaixo] que terá como número principal o CPF e a biometria – a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e o passaporte, por serem documentos temporários não estão contemplados.

 

Questão 1 

Relacione as informações do vídeo (do Tribunal Superior Eleitoral) com as informações dos dois textos acima (textos 1 e 2) e assinale a alternativa correta.

a) Vídeo e textos coincidem no que diz respeito ao prazo final estipulado para o cadastramento de todos os eleitores do Brasil.

b) O vídeo e os textos deixam claro que os dados biométricos cadastrados pelo TSE servirão de base para o projeto de Identificação Civil Nacional (ICN).

c) As informações do texto 3 complementam as do vídeo e do texto 1. Isso porque, por meio da análise do texto 3, podemos perceber que o cadastramento biométrico e a elaboração da ICN fazem parte de um mesmo projeto. Ou seja, os dados biométricos servirão para a elaboração da ICN.

d) Vídeo e textos deixam claro que os dados biométricos servirão para a elaboração de um sistema único de informações pessoais que suprimirá todos os outros documentos que um cidadão necessita para desfrutar de seus direitos – incluindo o direito de ir e vir.

e) Vídeo e textos não estabelecem relações entre si, uma vez que o vídeo trata de um sistema de recadastramento eleitoral e os textos tratam de um modelo de identificação que nada tem a ver com a biometria.

 

Algoritmos 

 

Questão 2 

O vídeo cujo link vem acima (vídeo 2) explica de uma maneira bem didática o que é um algoritmo. Assinale a alternativa que NÃO SE REFERE à definição que a apresentadora oferece sobre algoritmos.

a) A elaboração de um algoritmo é uma via de mão única, uma vez que ela estabelece uma subordinação do ser humano (programador) em relação à máquina (no caso, um computador).

b) Elaborar um algoritmo envolve a capacidade do programador em racionalizar e resolver problemas.

c) Um algoritmo não é, necessariamente, uma ferramenta da informática. Ele pode ser usado na resolução de problemas cotidianos – como trocar uma lâmpada ou o pneu de um carro.

d) Um algoritmo precisa ser bem definido para quem vai executar uma tarefa – não para quem está elaborando o mesmo algoritmo.

e) Em TI (Tecnologia da Informação), a criação de um algoritmo necessita de detalhamentos que um programador oferece à máquina – detalhamentos sem os quais um algoritmo não será funcional.

 

Algoritmos: você está no controle?

 

 

(texto 3 – revista caros amigos, número 87 – janeiro de 2018) 

Dos dados viemos, aos dados voltaremos: a vida em forma de algoritmos 

101302 TARGET 2 GW BUSINESS
PHOTO BY GARY WALTS

Em 2002, os marqueteiros da Target, a segunda maior varejista dos Estados Unidos, queriam saber se o estatístico da empresa, Andrew Pole, poderia fornecer a eles alguma informação sobre quando as clientes estivessem grávidas. E de preferência queriam ser alertados quando elas chegassem a seu segundo trimestre de gravidez, que é, achavam os profissionais do departamento de marketing, quando começam a comprar diferentes tipos de produtos associados à maternidade. Tomando uma base de dados da empresa sobre listas de chás de bebê como ponto de partida, Pole buscou observar como os hábitos de compra das clientes mudavam quando elas se aproximavam da data do parto. Depois de vários testes, surgiram alguns padrões de consumo úteis. Um exemplo foi que, próximo do começo do segundo trimestre de gravidez, as mulheres passavam a comprar muito mais cremes sem perfume. Também foi notado que, por volta das vinte primeiras semanas de gestação, aumentavam, por parte do grupo, as compras de suplementos vitamínicos como cálcio, magnésio e zinco. No final, os algoritmos de Pole criaram para cada cliente uma “previsão de gravidez” baseada numa pontuação que levava em conta a aquisição de cerca de 25 produtos. A análise foi mais longe ainda, estimando a data do parto, de modo que a Target pudesse enviar cupons promocionais de acordo com os estágios específicos da gestação.

Tomando os resultados do cruzamento de vários dados, o departamento de análise de marketing da empresa podia afirmar o seguinte: uma mulher que, em março, comprasse manteiga de cacau, uma bolsa grande o suficiente para dobrar como um saco de fraldas, suplementos de zinco e magnésio e um tapete azul brilhante tinha 87% de chance de estar grávida. E mais: o parto aconteceria em algum momento do fim de agosto. Não demorou muito e Pole levantou uma lista de dezenas de milhares de clientes da Target que provavelmente estavam em período de gestação.

O problema é que as mulheres não estavam sendo perguntadas se queriam receber anúncios que lembravam a elas que estavam grávidas. Os marqueteiros da varejista, na verdade, queriam ter esse conhecimento mesmo que as mulheres não quisessem que eles soubessem. E assim aconteceu, um ano depois da implementação do modelo estatístico de Pole, com uma adolescente, para quem foram enviados cupons promocionais para compra de roupas de maternidade, de móveis de berçário e de fotos de crianças sorridentes. De posse dos materiais, o pai dela foi tomar satisfações com um gerente, acusando a Target de estar incentivando a filha a engravidar, mesmo que ela ainda estivesse apenas no Ensino Médio. O gerente pediu desculpas na hora, mas, mesmo assim, achou por bem ligar alguns dias depois para dar mais satisfações. Foi ele quem ouviu um pedido de desculpas. O pai disse que tinha conversado com a filha e só assim soube de algumas coisas das quais não tinha se apercebido em sua casa. Informou ainda que o neto estava previsto para nascer em agosto.

O exemplo da Target, ao mesmo tempo prosaico e preocupante, é parte de um novo conhecimento que emerge fundado sobre a coleta massiva de informações, sobre as quais agem algoritmos ocupados em detectar recorrências significativas. […]

Mas essa lógica algorítmica não está por trás apenas das estratégias das empresas comerciais. Elas são o fundamento que define as ações de vigilância dos Estados, indivíduos, instituições e empresas e que desenham as diferentes relações que têm sido construídas no ambiente da internet. […]

As tecnologias digitais, principalmente as baseadas na internet, estão cada vez mais inexoravelmente vinculadas ao nosso dia a dia. Nossa interação com elas e, a partir delas, com outros usuários e com as empresas proprietárias das ferramentas, é em grande parte definida por algoritmos que, tomando os dados que produzimos continuamente, propõe novos regimes de sentido sobre os mais diferentes universos. São eles, os algoritmos, que estão por trás de uma aparentemente banal pesquisa no Google, dos anúncios publicitários que sempre nos espreitam em qualquer site que visitamos, da forma como nossa timeline no Facebook é organizada e da lista de filmes que o Netflix nos exibe assim que ligamos a televisão, dos livros que a Amazon nos aponta como importantes de serem comprados. {…]

Embrenhados em uma lógica radicalmente nova, fundada nos algoritmos que processam imensos volumes de dados, precisamos exercitar a saudável crítica a essa racionalidade a cada dia mais naturalizada. Vemos se tornar extensivo, a todos os domínios da vida, um regime que se propõe objetivamente preditivo. Não será estranho então se, num futuro não muito distante, nos encontrarmos docilmente nas situações distópicas retratadas na série de ficção científica Black Mirror, a qual a própria Netflix define como uma narrativa que “explora um futuro próximo onde a natureza humana e a tecnologia de ponta entram em um perigoso conflito”.

 

Questão 3 

Relacione as informações e análises do palestrante Ricardo Cappra (vídeo 3) com as do texto acima (texto 3) e assinale a alternativa ERRADA.

a) Tanto Ricardo Cappra (vídeo) quanto o autor do texto concordam que os algoritmos possuem um certo poder sobre nossa vida privada e sobre as escolhas que fazemos.

b) Como reação ao assédio de conteúdos enviados por fornecedores como Google, Spotify e Netflix, por exemplo, Ricardo Cappra sugere a necessidade de um indivíduo manter o controle sobre as informações que recebe por meio de uma configuração

pessoal dos dados. O autor do texto, por sua vez, propõe uma postura crítica que visa desnaturalizar a racionalidade algorítmica.

c) O autor do texto mostra como os algoritmos afetam nossa vida cotidiana, uma vez que eles servem para que empresas comerciais, instituições e Estados invadam nossa privacidade e, possivelmente, direcionem nossas escolhas e padrões de comportamento.

d) Tanto Cappra quanto o autor do texto destacam que não existem limites éticos sobre as tecnologias digitais, uma vez que os computadores agem de forma neutra, imparcial – seguindo uma racionalidade objetiva que nada tem a ver com interesses institucionais ou corporativos.

e) Sem desprezar uma possível manipulação de dados, os algoritmos possuem, para Cappra, uma certa positividade – uma vez que são eles que evitam o caos, selecionando informações e conteúdos que um indivíduo supostamente pretende receber.

 

(texto 4 – revista caros amigos, número 87 – janeiro de 2018) 

Humanos Chipados – PRIVACIDADE 

A tecnologia como imposição nas relações com o mundo e com nós mesmos

Não é bom nem ruim. Mesmo considerando a insustentável leveza de clichês como este, é com ele que se consegue a definição das transformações ocorridas nas relações cotidianas em sociedades conectadas pela grande teia que se formou com o avanço das tecnologias da informação. “Cada geração amplia sua definição de igualdade. Gerações anteriores lutavam pela votação e direitos civis. […] Agora chegou o tempo de definirmos um novo contrato social para nossa geração”, disse o guru Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, a rede entre as redes sociais […].

Sua história é um exemplo do que a tecnologia faz ao permitir a comunicação rápida em tempo real; ao criar conexões, como ele faz questão de ressaltar […].

Exemplos como o dele, de ideias que “viralizam”, ou de anônimos que se tornam celebridades (e enriquecem) – resultado da possibilidade de conexões em tempo real com um número ilimitado de pessoas, ou de informações -, se multiplicaram na última década […].

Outro exemplo “do bem” que se pode fazer com a nova tecnologia baseada em conexões para além do tempo e do espaço que Zuckerberg transforma, em seu discurso, são os programas de identificação por biometria, incentivados e financiados pelo Banco Mundial para ajudar a reduzir os prejuízos com corrupção e fraudes em países pobres ou em desenvolvimento. Eles estão sendo aplicados desde a primeira década deste século na Índia, Burundi, Guiné-Bissau, Libéria, Nigéria e Iêmen em programas sociais por meio de parcerias com bancos, empresas financeiras ou de telefonia […].

Nestes sistemas, o registro de identidade de uma pessoa é feito por meio da fotografia de sua íris, do rosto e pelas impressões digitais, com uso combinado de maneiras variadas desses três tipos, o que teoricamente impossibilita a maioria das fraudes mais comuns, como alguém receber de outro, inclusão de laranjas nas listas de

beneficiários ou ainda, falsificação de dinheiro. Em todos estes países os sistemas foram implementados no serviço público, com financiamento do Banco Mundial e apoio da ONU, que também mantém programas semelhantes voltados para grupos de refugiados, supostamente um piloto de um plano maior, que prevê “chipar” a humanidade toda até 2030. A conexão digital combinada a algoritmos permite tanto a consulta cruzada quanto o gerenciamento dos gigantescos bancos de dados que deverão se formar. Nas suas mensagens institucionais a respeito desses programas, o Banco Mundial defende a integração global de todos eles.

[…]

“Não ficarei surpreso se o registro exclusivo de identificação, com suas informações biométricas, for usado como uma forma de pagamento (quando conectado a uma conta bancária), ou como uma chave para liberar a porta de casas e veículos. Pague o jantar com sua impressão digital e destrave a porta do carro com piscando seus olhos. Resultados similares podem ser esperados em outros países que adotarem sistemas de identificação biométrica”, escreveu o jornalista Aaron Saenz, do Singularity Hub, site voltado para notícias sobre tecnologia.

[…] Os críticos do sistema cobram mais transparência a respeito dos dados que serão incluídos nas carteiras e, principalmente, se preocupam com o uso e destino que as instituições que “compraram” o acesso darão a essas informações.

[…]

Para o filósofo da ciência João Fernandes Teixeira, esta é uma situação assustadora. “Beira filme de ficção científica. [….], afirma. Os chips [instalados em um ser humano] podem ser usados para operações bancárias, mas servirão para muitas outras coisas. É possível impedir que compras sejam realizadas se o portador tiver algum problema com o governo ou estiver questionando impostos, por exemplo. A exclusão se torna política”, explica.

E incha as carteiras de clientes das financeiras que dominam a tecnologia. A Mastercard, que cuida do sistema na Nigéria, também fez parceria no México, com o Bansefi, o banco social local, que passou a fazer os pagamentos para 6,5 milhões de beneficiários dos programas de distribuição de renda por meio do cartão Bansefi Más, com bandeira da financeira. Tem contratos com o governo da Turquia; no Canadá, com a prefeitura de Toronto, que lançou um cartão de segurança social juntamente com a SelectCore, um grande emissor de cartões pré-pagos no país; e com a Telefonica (hoje Vivo) no Brasil, onde criou a Zuun, uma plataforma móvel para depósitos, transferências e pagamentos de contas. Segundo dados de sua página na internet, essas parcerias já beneficiam “mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo”. Todos clientes Mastercard.

[…]

HÁ ALGO DE ERRADO 

O filósofo João diz que a automação ou a virtualização de sistemas de registros ou de pagamentos, impostas dessa forma é, na verdade, uma exclusão. “Há 4 bilhões de pessoas sem acesso à internet no mundo hoje. É uma ilusão achar que ela universalizou. Pessoas que não têm acesso a esses dispositivos estarão excluídas a priori.”, diz. Excluídas do sistema bancário no Brasil e também dos programas de segurança social nos países pobres que aderiram aos sistemas de identificação biométrica, registrada em chips. Apesar de alinhado com os amantes da tecnologia do sistema financeiro, Zuckerberg trata, e se mostra, em seu discurso, incomodado com o problema dessa exclusão. “Vamos encarar. Há algo de errado com o nosso sistema quando posso sair daqui e fazer bilhões de dólares em dez anos, enquanto milhões de estudantes não podem pagar seus empréstimos, e muito menos começar um negócio”.

https://hiveminer.com/

[…]As metas e os seus sistemas de controle definidos com a ajuda de algoritmos têm provocado um aumento consistente e persistente na incidência de doenças mentais entre os trabalhadores, especialmente em quadros de depressão. João alerta para o avanço do chipamento subcutâneo de trabalhadores, que segue o mesmo caminho do que ocorre no sistema financeiro. “É impressionante: há poucas semanas (do final de junho), 140 `voluntários´ de uma empresa sueca receberam chips subcutâneos. Controlados dia e noite, dentro e fora do trabalho. Invasão total”, conta.

[…]

A segunda consequência é o sofrimento psíquico até o adoecimento. “A síndrome de burnout, que já era muito comum, mas piorou muito agora. Nesta lógica da produtividade, a cobrança é muito maior e mais intensa”, explica Epitácio [Macário, diretor do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior]. A síndrome de burnout, só recentemente incluída na lista de doenças funcionais, afeta principalmente aqueles que trabalham sob estresse no atendimento de outras pessoas, ou que manipulam de alguma forma a vida dessas pessoas, e que enfrentam condições de trabalho precárias. Estão nesta lista, além dos professores – obrigados a lidar com salas superlotadas em ambientes insalubres -, enfermeiros e médicos de prontos-socorros, policiais, jornalistas e bancários.

SUBJETIVIDADE NEOLIBERAL 

Epitácio argumenta, no entanto, que a tecnologia é um agravante, mas não o problema em si. “Na verdade é o uso que se faz da tecnologia que leva ao isolamento e à competitividade. Quando bem utilizada, mesmo na lógica da produtividade, a tecnologia nos serve muito bem. Quase não usamos papel”, diz. E podem ainda trocar informações em tempo real com colegas do outro lado do mundo. “Quando passa a ser normatizada começa a complicar”, diz o professor. Suas reflexões sobre o tema partem de estudos do Centro de Estudos de Direito da Cidadania (Cenedic) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, que apontam para a “produção de uma subjetividade neoliberal. Uma das marcas mais profundas dessa subjetividade fundada pelo neoliberalismo é a individualização profunda da vida”, continua.

[….]

CONTRADIÇÃO 

Garry Kasparov vs Deep Blue em 1997.

Grande parte dos problemas e dramas envolvendo o uso das mídias sociais ou das tecnologias de informação atuais, segundo a psicóloga Carolina Grando, é que essas tecnologias surgem sem que as pessoas tenham tempo para entendê-las e aprendê-las. “Aprender quais são os limites, por exemplo, no WhatsApp. Tem gente que manda mensagem às 2 da manhã, esperando que seja respondida. Grupos de trabalho que são formados sem que antes as pessoas sentem e combinem como será. Não tivemos educação para isso”, diz. O que em parte é resultado de uma imposição neoliberal, em sua opinião. “Os produtos devem ser consumidos sem restrições. É mais importante que você use. Se não for bom, rende mais”, explica.

Para João, professor aposentado da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de São Carlos, há algo de podre nisso. “Quando nos sentimos diminuídos, subestimados em relação às máquinas, parece que as pessoas se esquecem de que somos nós, seres humanos, que construímos essas máquinas. O Deep Blue (algoritmo

criado pela IBM) não ganhou do (enxadrista) Kasparov em 1997. Foi a razão humana que se enfrentou a si mesma”, conclui.

 

Questão 4 

Da análise atenta das informações e argumentos presentes no texto acima (texto 4), depreende-se que:

a) o autor do texto acima, assumindo uma postura intransigente em relação aos avanços tecnológicos, é incapaz de ver os aspectos positivos que a nova tecnologia proporciona no combate à corrupção e na democratização do acesso às informações;

b) o imperativo das novas tecnologias (incluindo o “chipamento” de seres humanos), além de garantir maior segurança em transações financeiras e maior controle sobre os crimes, promoverá uma verdadeira inclusão social, uma vez que o acesso ao mundo digital já está praticamente universalizado;

c) a imposição das novas tecnologias, da maneira como vem ocorrendo, carrega consigo inúmeros riscos ao nosso direito à privacidade e, em última instância, pode levar ao aumento de doenças mentais. Isso porque tais tecnologias são utilizadas de forma arbitrária por empresários e/ou autoridades que pretendem controlar a nossa vida dia e noite;

d) a tecnologia é um mal em si e independe do uso que dela se faz; por isso, deve ser combatida e rechaçada, sob pena de levar a danos irreversíveis a curto e a longo prazos;

e) sob a lógica do neoliberalismo, as novas tecnologias de informação – assim como as mídias sociais – estão levando a uma competitividade saudável e a uma maior integração entre indivíduos e grupos que antes viviam isolados.


Respostas:

1 – C.

2 – A.

3 – D.

4 – C.


Autor: Eduardo Gramani Hipolide

Neste blog, o Professor Eduardo traz à baila assuntos com alta probabilidade de cair nos ENEM, principais vestibulares e concursos públicos, sendo que, desde 2014, vem esmiuçando as tendências dos principais meios de notícia impressa para trazer, “de mão beijada” as questões de atualidades dos próximos certames, bem como possíveis temas de redação.

 

 

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