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Atualidades XLVIII (2018) – Assédio e Movimento #MeToo

 (Texto 1 – Fonte: https://www.estudopratico.com.br/o-que-e-o-movimento-metoo/) 

O que é o movimento #MeToo? 

Pollyana Batista 

Descubra o que tem por trás dessa hashtag que tomou conta do mundo 

Em português, a expressão MeToo seria algo como Eu Também. O movimento surgiu em forma de hashtag nas redes sociais, mas logo ganhou notoriedade ao ser adotado por celebridades hollywoodianas. Conheça o que é o movimento #MeToo. 

Se você tem acompanhado as premiações do Oscar ou de outros grandes eventos na área do entretenimento deve ter notado que os discursos contra o assédio sexual têm tomado a cena. A expressão MeToo vem do movimento “The Silence Breakers”, algo como “quebra do silêncio”. 

[…] 

 


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Como surgiu o #MeToo 

Apesar de ter tido bastante repercussão no ano de 2017, foi ainda em 1996 que a expressão #MeToo foi pensada pela primeira vez. Foi a ativista Tarana Burke, que luta pelo empoderamento das jovens mulheres negras, que iniciou o movimento. 

Depois de escutar o relato de uma criança que sofria abusos sexuais do padrasto, Tarana Burke não teve coragem de dizer para ela: “Eu também”. Esse remorso corroeu a americana, que somente anos depois teve a força para falar ao mundo: “Me too” – ou seja, “eu também”. A ideia de propagar o movimento foi criar empatia entre as vítimas de assédio. 

 

Como Hollywood adotou o #MeToo 

A popularidade da expressão veio com o Twitter, quando a atriz americana Alyssa Milano, de 44 anos, “tuitouo termo. Ela fez isso depois dos escândalos com o produtor Harvey Weinstein. 

Harvey Weinstein era um dos maiores produtores de Hollywood, fundador da Miramax e da The Weinstein Co. Ele já venceu o Oscar e produziu grandes sucessos de bilheteria como o Senhor dos Anéis. 

Foi o jornal The New York Times que abriu as acusações com uma entrevista da atriz Ashley Judd. Em seguida, apareceram outras e outras narrando as atitudes desprezíveis do poderoso magnata da indústria cinematográfica. 

Ao todo, mais de 20 mulheres acusaram Weinstein de assédio sexual, insinuações ou estupro. 

O escândalo tomou conta das publicações não só americanas como mundiais. Weinstein se internou em uma clínica de reabilitação, mas as denúncias foram aceitas pelas polícias de Nova York e Londres. Ele pode cumprir uma pena de 25 anos pelas acusações. 

 

#MeToo pelo mundo 

De acordo com o jornal El País, o movimento #MeToo ajudou a disseminar pelo mundo o combate ao assédio sexual. O diário espanhol 

revelou que a busca pela palavra feminismo no dicionário Merriam-Webster aumentou 70% somente no ano de 2017. “Nunca antes tantas mulheres —e também homens— de diferentes esferas haviam se definido publicamente como feministas, palavra maldita durante anos”, define o El País. 

Os países europeus também aproveitaram a tendência para endurecer seus debates contra o assediadores. […] 

Os dados oficiais revelam o quanto o abuso é uma constante em todo o mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas, a ONU, uma em cada 10 mulheres são assassinadas pelos seus companheiros. O absurdo prossegue: uma em cada 14 mulheres já sofreu algum abuso sexual, segundo a Organização Mundial da Saúde, a OMS. 

[…] 

 

Questão 1 

Com base no texto acima, analise as afirmações abaixo. 

I- A expressão “Me too” foi pensada pela primeira por uma ativista que luta em favor das jovens mulheres negras, mas ganhou notoriedade quando foi apropriada pelo movimento “The Silence Breakers”. 

II- O movimento #MeToo foi amplamente divulgado pelas redes sociais, mas vem sofrendo críticas severas por parte de inúmeras celebridades do cinema hollywoodiano. 

III- O movimento #MeToo ajudou a disseminar pelo mundo o combate ao assédio sexual e ampliou o interesse das pessoas em relação à causa do feminismo. 

IV- O texto acima coloca-se contra o movimento #MeToo, acusando-o de ser francamente “vitimista” e exageradamente “político correto”. 

São verdadeiras apenas as afirmações: 

a) I e III. 

b) Todas. 

c) I, II e IV. 

d) I e II. 

e) III e IV. 

 

(Texto 2 – Fonte: https://cultura.estadao.com.br/blogs/estado-da-arte/me-too-autonomia/) 

Me Too: entre a denúncia e a autonomia 

Juliana de Albuquerque 

 

De outubro do ano passado para cá, o movimento Me Too ganhou notoriedade e tem provocado verdadeira revolução entre mulheres que — formal ou informalmente — se identificam ou são identificadas como feministas. […] 

Mas as opiniões sobre o Me Too não são unânimes. Desde dezembro do ano passado, […] uma série de reações foi registrada contra o movimento – tanto pela imprensa quanto pelas redes sociais. 

Em janeiro deste ano, a imprensa tradicional registrou três interessantes reações contra o movimento. Dentre elas, o artigo da escritora Margaret Atwood para o periódico The Globe and Mail [….] 

 

Para Atwood: 

Margaret Atwood

“O #MeToo é um sintoma de um sistema jurídico falido. Frequentemente as queixas de abuso sexual não recebem um exame institucional justo, então as mulheres passaram a se utilizar de uma nova ferramenta [para obter justiça]: a internet. […] até agora o movimento mostrou-se bastante eficiente e foi reconhecido como um grito de alerta. Mas, quais serão os seus próximos passos? . . . Se o sistema legal for contornado por conta da sua ineficiência, o que tomará o seu lugar? Quem serão os novos mediadores do poder?”. 

O texto de Margaret Atwood firma-se em relação a dois problemas bastante significativos. O primeiro deles (mencionado no excerto acima), diz respeito a questão institucional e a carência de propostas razoáveis de grupos liberais (isto é, progressistas no sentido americano) para operar mudanças efetivas e garantir o acesso universal à justiça em casos de assédio e abuso sexual. O segundo diz respeito ao problema da agência e da autonomia femininas. 

[…] 

Aqui entramos na discussão do segundo aspecto suscitado pelo artigo de Margaret Atwood e constatamos que os questionamentos da escritora não são dissonantes dos protestos formulados por Germaine Greer, Catherine Deneuve e Catherine Millet. Em seu manifesto publicado pelo jornal francês Le Monde, Millet escreve: 

“Essa febre para mandar os `porcos´ ao matadouro, longe de ajudar as mulheres a conquistar a sua autonomia, serve, na verdade, aos interesses dos inimigos da liberdade sexual, dos extremistas religiosos, dos piores reacionários e daqueles que acreditam, em nome de uma concepção substancial do bem e da moral vitoriana que os envolve, que as mulheres são seres ‘à parte’, crianças com rosto de adultos, que pedem para ser protegidas”. 

Apesar de toda polêmica contra o manifesto, em momento algum Millet faz pouco do sofrimento e da exigência por justiça das vítimas de assédio e abuso sexual. Pelo contrário, o argumento que ela apresenta é o de que a vivência da nossa autonomia impõe assumir responsabilidade pessoal pelas situações de risco das quais nós aceitamos participar. 

[…] 

Desde a minha adolescência, compreendo que qualquer vivência da nossa sexualidade nos expõe a situações de risco. Já fui incomodada por homens e mulheres: cedi ou dei consentimento apenas ao incômodo que me pareceu mais aprazível. Também já sofri assédio e me senti constrangida. Em alguns casos, deixei passar em branco; em outros, reagi à agressão. 

Aos 14 anos, fui assediada por um policial militar durante uma viagem de ônibus entre Recife e Olinda. Acredito que esses tenham sido um dos cinco minutos mais constrangedores da minha vida. Desci do ônibus atarantada, sem saber exatamente o porquê de um homem adulto — um policial — se achar no direito de interferir na minha vida! 

Fiquei com aquilo na cabeça durante algum tempo, mas logo deixei para lá. O acontecimento, apesar de constrangedor, não deixou marcas. Outra menina poderia ter descido do ônibus aos prantos, prestado queixa na polícia, 

telefonado para os pais, acionado a imprensa. Ora, nenhum de nós tem a obrigação de reagir de maneira igual às situações semelhantes. 

Reservo a mim, e a mais ninguém, o direito de ponderar sobre as minhas reações e aceitar os riscos intrínsecos às minhas opções – estejam elas vinculadas ou não à experiência do meu corpo e da minha sexualidade – e, dessa forma, exerço minha autonomia. Assim, embora ache justa a causa de movimentos como o Me Too, reconheço que, no fim das contas, somos todos humanos em nossas virtudes e em nossos vícios, e que em relacionamentos sexuais entre um homem e uma mulher, ou parceiros afetivos, um não será para o outro tão íntegro e perfeito quanto a estátua dada à vida por Vênus ao seu idealizador: Pigmaleão. 

 

Questão 2 

De acordo com o texto acima (texto 2), assinale a alternativa correta. 

a) Os críticos ao movimento #MeToo assumem uma postura nitidamente machista e se colocam contra quaisquer manifestações de caráter identitário ou “politicamente correto”. 

b) Segundo Atwood, um dos problemas do movimento #MeToo se refere à questão institucional. Trata-se da deficiente resposta da Justiça aos casos de assédio e a consequente evasão das mulheres para as críticas na internet. 

c) Outro problema do #MeToo, ainda de acordo com Atwood, se refere à questão da autonomia (ou da possível falta dela). Segundo os críticos ao movimento, as mulheres devem decidir a respeito do que fazer em casos de constrangimentos e/ou assédios. 

d) As críticas mencionadas no texto acima foram feitas pelos diretores e atores hollywoodianos que se opuseram às denúncias de atrizes feministas, consideradas exageradas demais. 

e) Alternativas b e c conjugadas. 

 

Questão 3 

Analise atentamente o cartaz abaixo e assinale a alternativa correta. 

a) O cartaz acima culpabiliza as vítimas de assédio, uma vez que enfatiza a ideia segundo a qual as mulheres devem saber se comportar nas ruas decentemente. 

b) A mensagem diz respeito diretamente aos casos de assédio em ambientes nos quais existe uma autoridade que, usando de sua posição, constrange as mulheres, usando-as para seus caprichos sexuais. 

c) O cartaz faz uma denúncia dos casos reais de abusos sexuais e/ou constrangimentos contra mulheres cometidos em lugares públicos. 

d) A mensagem do cartaz possui um caráter “vitimista”, uma vez que se refere a situações imaginárias que não estabelecem relação direta com casos concretos vividos por mulheres hoje em dia. 

e) Nenhuma das anteriores.


Autor: Professor Eduardo Gramani Hipolide

Neste blog, o Professor Eduardo traz à baila assuntos com alta probabilidade de cair nos ENEM, principais vestibulares e concursos públicos, sendo que, desde 2014, vem esmiuçando as tendências dos principais meios de notícia impressa para trazer, “de mão beijada” as questões de atualidades dos próximos certames, bem como possíveis temas de redação.

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