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Atualidades XXIII (2017) – Violência entre adolescentes no Brasil

Texto 1 (O estado de são Paulo, dia 11 de outubro de 2017)

Em 7 anos, País terá 43 mil jovens assassinados

Levantamento estima tendência de mortes violentas de adolescentes entre 2015 e 2021; jovem negro tem 2,8 mais riscos de ser morto

 

FORTALEZA – Em sete anos, 43 mil adolescentes devem ser vítimas de homicídio no País. Por dia, a média será de 16 assassinados (com idades de 12 a 18 anos) entre 2015 e 2021 se mantidos os atuais índices de violência. Homens, mostram as estatísticas, têm 13,5 mais risco de serem vítimas do que as mulheres. O perigo para os jovens negros é 2,8 vezes maior na comparação com os brancos. O Nordeste é a região mais violenta para a faixa etária.

Isso é o que revela um levantamento feito pelo Unicef, braço das Nações Unidas para a infância, Secretaria dos Direitos Humanos, o Observatório das Favelas e o Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A estimativa é baseada no Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), que cruza dados oficiais e considera mortes de jovens por homicídio em 300 municípios com população acima de 100 mil habitantes.

Em 2014, o IHA mostrava que, a cada cem mil adolescentes que tinham 12 anos na época, 3,7 devem morrer vítimas de homicídio antes de completar 19 anos. De acordo com o relatório, o índice é elevado porque uma sociedade não violenta deveria apresentar valores próximos a zero.

O valor de 2014 é o maior da série desde o início do monitoramento, em 2005. O Nordeste apresentou os índices mais altos: há três anos, a região perdeu 6,5 adolescentes para cada grupo de cem mil pessoas, o dobro da tendência nacional. Para Fabiana Gorenstein, especialista do Unicef em proteção à criança, o IHA é uma ferramenta que chama atenção para a necessidade de mudança do foco das políticas públicas. O relatório mostra que adolescentes têm mais risco de morte por violência letal do que quase todas as outras faixas etárias avaliadas.

“Estamos falando de uma situação bastante dramática na qual um adolescente tem mais risco de ser assassinado do que um adulto”, diz Fabiana. “Um dos principais objetivos do IHA é mostrar que o direito à vida dos adolescentes brasileiros está em risco. Quando falamos em 43 mil que podem morrer, estamos falando não somente de números, mas de pessoas que têm pai e mãe.”

[O estado do Ceará é o campeão nacional no ranking de homicídios entre adolescentes, apresentando uma média de 8,71 mortos para cada 100 mil jovens nessa faixa etária.]

[…]

O titular da Secretaria de Segurança e Defesa Social do Ceará, delegado André Costa, reconhece o recrudescimento na violência no Estado. Segundo ele, 47% dos óbitos são por envolvimento de facções criminosas e 84% são de pessoas envolvidas com o consumo de drogas. Ele também cobra mais apoio do governo federal.

Procurado nesta terça-feira, 10, para comentar a pesquisa, o Ministério da Justiça não se manifestou.

Das dez capitais mais violentas para adolescentes, o Nordeste concentra sete. Fortaleza lidera – com 10,94 adolescentes assassinados a cada cem mil, seguida de Maceió e João Pessoa. Os planos assistenciais do governo federal, como o Bolsa Família, e a melhoria de indicadores sociais e de renda na região nos últimos anos não foram suficientes para controlar os homicídios no Nordeste.

[…]

No País, a pequena cidade de Serra, no Espírito Santo, tem a maior taxa de adolescentes mortos: 12,74 por 100 mil. Grande parte das ocorrências é ligada ao tráfico. “Acreditamos que a evasão escolar é um dos principais fatores que levam esses adolescentes a ingressarem no mundo do crime. Estamos empenhados em colocar cada vez mais jovens nas escolas”, afirma o secretário de Direitos Humanos capixaba, Júlio Pompeu.

 

Perfil 

“Cruzando os dados com outras pesquisas, as vítimas são os jovens do sexo masculino, negros, de baixa escolaridade e moradores da periferia”, afirma Cano. E homicídios por armas de fogo são 6,1 mais prováveis do que por todos os outros meios juntos.

Para Luciana Brilhante, coordenadora do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente, tem havido inversão de prioridades, com ausência de investimento em políticas públicas para jovens. “E também houve recrudescimento penal, com mais encarceramento e policiamento, que não traz retornos efetivos”, critica.

 

Questão 1

Analisando as informações do texto acima, podemos concluir que:

a) mantidos os atuais índices de violência entre adolescentes no Brasil, até 2021 teremos uma média de 43 mil assassinatos por ano nessa faixa etária;

b) o índice de mortes entre adolescentes é 13,5 vezes maior para o sexo masculino e 2,8 para os negros, sendo que nas periferias do centros urbanos e na região Nordeste a ocorrência de assassinatos nessa faixa etária é mais expressiva;

c) de acordo com o Índice de Homicídios na Adolescência, de 2014 para cá, aumentou 3,7 vezes as ocorrências de assassinato entre adolescentes no Brasil;

d) Apesar dos indicadores alarmantes de assassinatos entre adolescentes, o estudo mencionado acima revela que, de maneira expressiva, as maiores vítimas da violência são adultos que se envolvem em lutas entre facções criminosas vinculadas ao tráfico de drogas;

e) não obstante a ausência de investimento em políticas públicas para jovens, programas de transferência de renda como o Bolsa Família têm contribuído para diminuir a ocorrência de homicídios entre adolescentes em regiões como o Nordeste.

 

Gráficos (O Estado de são Paulo, 11 de outubro de 2017)

 

Questão 2

Relacione as informações dos gráficos abaixo com as presentes no texto 1 e assinale a alternativa correta.

a) Enquanto o texto faz uma ressalva afirmando que a evolução da violência entre adultos foi maior nos últimos anos, um dos gráficos apresenta, no ano de 2014, um indicador de mortes entre adolescentes que supera o da população como um todo.

b) O texto menciona os conflitos pela terra no campo como responsáveis por inúmeras mortes de adolescentes, enquanto que os gráficos apresentam apenas os números relativos aos centros urbanos.

c) Confirmando a informação do texto, o gráfico mostra que a cidade com maior índice de mortes por 100 mil habitantes é da Região Nordeste, tida como a mais violenta contra os adolescentes.

d) O texto afirma que, das dez capitais mais violentas para adolescentes, o Nordeste concentra sete. Já a análise atenta de um dos gráficos permite afirmar que, das dez mais violentas, oito são daquela região.

e) Tanto o texto quanto os gráficos deixam claro duas coisas: primeiro, as mortes entre adolescentes devem-se principalmente ao envolvimento em conflitos entre facções criminosas; segundo, as mortes ocorrem principalmente por meio da utilização de armas de fogo.

 

Texto 2 (Análise publicada em O estado de são Paulo no dia 11 de outubro de 2017)

Proteção passa por educação e estrutura 

Para reduzir os altos índices de homicídios e salvar vidas, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) recomenda iniciativas multissetoriais a partir de quatro grandes eixos.

O primeiro é o investimento em educação, garantindo que todos estejam na escola. A resposta ao abandono escolar deve fazer parte das estratégias de prevenção de homicídios, estabelecendo mecanismos para inclusão escolar, prevenir o abandono e tornar as escolas mais interessantes e adequadas às necessidades dos adolescentes.

O segundo é melhorar a infraestrutura pública e os serviços públicos nas comunidades e periferias. Na maioria dos casos, os adolescentes mortos viviam em bairros com infraestrutura e serviços precários.

O terceiro é cuidar e proteger famílias e amigos de adolescentes mortos e aqueles sob risco de homicídio. É necessário elaborar mapas de risco, protocolos integrados e organizar equipes interdisciplinares para apoiar essas famílias – em especial as mães – e os adolescentes.

O quarto eixo é estabelecer políticas voltadas à formação de policiais, à investigação de todos os homicídios e ao monitoramento da circulação de armas. Grande parte dos homicídios de adolescentes não chega a ser investigado ou à fase de responsabilização. É importante estabelecer procedimentos eficazes e transparentes de investigação que quebrem o ciclo de impunidade e adotar normas claras de abordagem para prevenir situações de violência policial.

 

Questão 3

Dentre as iniciativas propostas pela Unicef para reduzir o número de homicídios entre adolescentes, não podemos citar:

a) organizar políticas públicas que levem em consideração as questões raciais e de gênero e que promovam uma efetiva distribuição de renda, visando minorar as desigualdades e preparar os adolescentes para uma verdadeira inclusão social;

b) melhorar a formação dos policiais e as investigações de crimes, além de monitorar a circulação de armas;

c) desenvolver a educação, visando diminuir a evasão escolar e tornando a escola mais atraente para os adolescentes;

d) proteger as famílias e adolescentes em risco por meio da organização de equipes interdisciplinares e da realização de pesquisas visando identificar as regiões mais vulneráveis à violência;

e) melhorar os serviços públicos e a infraestrutura nas regiões mais carentes.

 

 

 

 

 

 

 

 

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