Introdução – reflexões prévias
(texto 1 – http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160104_diferencas_sunitas_xiitas_muculmanos_lab)
Quais são as diferenças entre sunitas e xiitas?
A separação teve origem em uma disputa – logo após a morte do profeta Maomé – sobre quem deveria liderar a comunidade muçulmana.
A grande maioria dos muçulmanos é sunita – estima-se que entre 85% e 90%.
Membros das duas vertentes coexistem há séculos e compartilham muitas práticas e crenças fundamentais.
[…]
Quem são os sunitas?
Muçulmanos sunitas se consideram o ramo ortodoxo e tradicionalista do islã.
A palavra sunita vem de “Ahl al-Sunna”, ou “as pessoas da tradição”. A tradição, neste caso, refere-se a práticas baseadas em precedentes ou relatos das ações do profeta Maomé e daqueles próximos a ele.
Os sunitas veneram todos os profetas mencionados no Corão, mas veem Maomé como o profeta derradeiro.
[….]
Quem são os xiitas?
Nos primórdios da história islâmica, os xiitas eram uma facção política – literalmente os “Shiat Ali”, ou partido de Ali.
Os xiitas reivindicavam o direito do genro do profeta Maomé, Ali, -e de seus descendentes -, de guiar a comunidade islâmica.
Ali foi morto como resultado de intrigas, violência e guerra civil que marcaram seu califado. Seus filhos, Hassan e Hussein, viram negado o que achavam ser seu direito legítimo à ascensão ao califado. […]
Os xiitas seriam cerca de um décimo do total de muçulmanos, entre 120 e 170 milhões de seguidores.
Muçulmanos xiitas são maioria em Irã, Iraque, Bahrein, Azerbaijão e, segundo algumas estimativas, Iêmen. Há grandes comunidades xiitas em Afeganistão, Índia, Kuwait, Líbano, Paquistão, Catar, Síria, Turquia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Questão 1
Relacione as informações do texto 1 com as do gráfico acima e assinale a alternativa correta.
a) Assim como em âmbito internacional, os sunitas são maioria indiscutível também no Líbano.
b) O gráfico mostra que, ao contrário do que ocorre no resto do mundo islâmico, no Líbano os xiitas são nitidamente a maioria.
c) No Líbano, a população muçulmana prevalece, mas os seguidores do islamismo naquele país encontram-se nitidamente divididos entre os ramos sunita e xiita.
d) O Líbano não pode ser considerado um país muçulmano porque, nele, os cristãos predominam numericamente.
e) A segmentação entre sunitas e xiitas, que surge com a morte de Maomé, não ocorre no Líbano, uma vez que, nesse país, praticamente todos os muçulmanos são sunitas.
(texto 2 – http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2011/01/110125_perfil_hezbollah_ji)
Saiba mais sobre o Hezbollah
O Hezbollah – ou Partido de Deus – é uma organização política e militar poderosa no Líbano, formada majoritariamente por muçulmanos xiitas. Seu líder é o xeque Hassan Nasrallah.
O grupo surgiu com apoio financeiro do Irã no começo dos anos 1980, e começou uma campanha para expulsar tropas israelenses do Líbano.
A hostilidade em relação a Israel continuou a ser a principal plataforma do grupo mesmo depois de maio de 2000, quando as últimas tropas israelenses deixaram o Líbano, devido, em parte, ao sucesso do braço armado do Hezbollah – a Resistência Islâmica.
A popularidade do grupo chegou ao ápice nos anos 2000, mas caiu junto a libaneses pró-Ocidente quando se envolveu em uma enorme e destruidora guerra com Israel, em seguida à captura de dois soldados israelenses, em 2006.
[…]
Além de força política, o Hezbollah tem um apelo popular por fornecer serviços sociais e assistência de saúde. O grupo também tem uma influente emissora de TV, a al-Manar.
O maior teste do Hezbollah ocorreu em 2006, quando seus militantes capturaram dois soldados israelenses em um ataque além da fronteira – que deixou militares mortos.
O episódio deflagrou uma guerra de um mês com Israel, que chegou ao fim com um cessar-fogo.
Depois de sobreviver à ofensiva militar israelense, o Hezbollah declarou vitória, aumentando sua popularidade junto a muitos no mundo árabe.
Seus críticos, entretanto, o responsabilizam pela destruição que Israel causou no Líbano.
Apesar de duas resoluções da ONU conclamando ao desarmamento das milícias no Líbano, o braço militar do Hezbollah permanece intacto.
O Hezbollah foi criado em 1982 por um grupo de clérigos muçulmanos, após a invasão israelense no Líbano.
O grupo tinha um contingente de cerca de dois mil homens da Guarda Revolucionária do Irã, baseados no Vale do Bekaa, que foram enviados ao país para ajudar na resistência contra Israel.
No começo, o grupo sonhava em transformar o Líbano – onde vivem seguidores de várias religiões – em um Estado teocrático no modelo do Irã, apesar de a ideia ter sido abandonada depois, em troca de uma abordagem mais inclusiva, que sobrevive até hoje.
Em sua retórica, o partido pede a destruição do Estado de Israel e vê o país como ocupante de terra muçulmana, afirmando que não tem o direito de existir.
Questão 2
Relacione as informações do texto imediatamente acima (texto 2) com o conteúdo da charge abaixo e assinale a alternativa ERRADA.
a) O Hezbollah e seu braço armado (a Resistência Islâmica) conseguiram expulsar as tropas israelenses do Líbano em 2000, o que contribuiu para o aumento de sua popularidade dentro daquele país.
b) O Hezbollah consegue inserção junto à população libanesa porque, além de expulsar as tropas israelenses, realiza assistência social e de saúde junto à sociedade do Líbano.
c) Charge e texto estão relativamente de acordo ao mostrarem a influência do Irã junto ao Hezbollah. No entanto, a charge é muito mais assertiva em relação a tal influência, enquanto o texto mostra que, com o tempo, o Hezbollah abandonou sua proposta inicial de criação de um Estado teocrático no Líbano e adotou uma postura menos intransigente.
d) O Hezbollah até hoje não admite a existência do Estado de Israel e, assim como o Irã, apresenta seguidores que, em sua maioria, professam um islamismo vinculado ao ramo xiita.
e) O conteúdo da charge destoa das informações do texto. Isso porque a primeira enfatiza os supostos vínculos do Hezbollah com o Irã, enquanto o último deixa claro que o Hezbollah é um partido islâmica absolutamente nacional e independente em relação a possíveis ingerências externas.
Chegando “aos finalmentes…”
(texto 3 – folha de são Paulo, 23 de fevereiro de 2018)
Muro e Hizbullah alimentam medo de nova guerra entre Israel e Líbano
Forças israelenses intensificam ameaças de ataque a facção xiita, que se fortaleceu
“Estamos nos preparando. Sabemos que vai começar uma nova guerra a qualquer momento.” Nos últimos dias, vem crescendo a ansiedade dos libaneses, um povo traumatizado por 15 anos de guerra civil (1975-1990), com um saldo de 100 mil mortos.
Desta vez, porém, espera-se uma reprise da guerra de 2006 contra Israel —só que muito mais sangrenta, e com alcance regional. Um ataque israelense contra o Hizbullah, grupo xiita apoiado pelo Irã e integrante do governo libanês, não se restringiria ao Líbano; rapidamente iria tragar Iraque, Irã e Síria para dentro de um conflito.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou na segunda-feira (19) estar preocupado com a possibilidade de um enfrentamento entre Israel e o Hizbullah. “O pior pesadelo seria um confronto direto entre Israel e Hizbullah. A destruição no Líbano seria devastadora, e é difícil prever o efeito na região”, disse.
As tensões entre Israel e Líbano vêm crescendo por causa da construção de um muro na fronteira por forças israelenses. Beirute vê na barreira uma agressão. Outro ponto de fricção é a disputa de fronteiras em águas que abrigam campos de exploração de petróleo.
Mas no centro do estremecimento está a preocupação de Israel com o fortalecimento do Hizbullah, que vem atuando ao lado das forças do regime do ditador Bashar al-Assad na guerra da Síria.
Apesar de ter perdido mais de 2.000 combatentes na Síria, a facção aumentou sua capacidade de recrutamento e hoje conta com aproximadamente 25 mil homens, além de 30 mil na reserva. Além disso, ganhou muita experiência nas batalhas sírias e ampliou seu arsenal e sua tecnologia, graças aos iranianos e russos que também apoiam Assad.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que o Irã está tentando transformar o Líbano “em uma gigantesca fábrica de mísseis de precisão voltados contra Israel, o que não vamos tolerar”.
Vários militares israelenses vêm indicando a possibilidade de fazerem ataques preventivos contra fábricas de mísseis do Hizbullah no Líbano supostamente bancadas pelo Irã. “Por meio de seus aliados —as milícias xiitas no Iraque, os rebeldes houthis no Iêmen, o Hizbullah no Líbano e o Hamas em Gaza—, o Irã está controlando vastas áreas do Oriente Médio”, disse Netanyahu.
MEDIAÇÃO DOS EUA
O aumento das tensões levou os EUA a destacarem um alto diplomata, que tem ido frequentemente a Beirute na tentativa de apaziguar os ânimos.
Ao mesmo tempo, a política externa de Donald Trump vem instigando Israel e a Arábia Saudita, inimigos do Irã. Trump já demonstrou que apoia as ações do príncipe saudita Mohammed bin Salman, reconheceu Jerusalém como capital de Israel e cortou a ajuda aos palestinos.
O Hizbullah é considerado terrorista há muitos anos pelos EUA, que vêm aumentando o alcance das sanções contra pessoas ligadas ao grupo.
“[Hassan] Nasrallah [líder do Hizbullah] já avisou que qualquer guerra contra a facção será travada também dentro dos territórios ocupados [como se referem a Israel]”, diz Qassem Qassir, analista político próximo ao Hizbullah, em um café de Dahieh, o reduto da facção em Beirute, onde 90% da população é xiita e as ruas são decoradas com fotos do aiatolá Khomeini e cartazes em que se leem os dizeres “Liberdade para Jerusalém”.
Segundo ele, em uma reunião recente de líderes do movimento, foi acordado que qualquer ataque contará com a ajuda de todos os aliados (iraquianos, iranianos, sírios, Hizbullah), que vão levar a guerra para dentro do território de Israel.
Em 2006, após o Hizbullah matar cinco soldados israelenses, Israel reagiu com invasão por terra e ocupação do sul do Líbano. O conflito causou mais de 1.200 mortes. Hoje, a população no norte de Israel é muito maior, e os mísseis da facção são bem mais precisos.
Hazem Saghiya, comentarista do jornal ‘Al Hayat’, ligado à Arábia Saudita, acha que é alta a chance de um confronto, dadas as acusações de corrupção contra Netanyahu e o enfraquecimento do regime iraniano após protestos populares.
“Acho que Israel vai atacar maciçamente o Hizbullah e atingir alvos que não são ligados à facção para tentar fazer o governo libanês se voltar contra o grupo.”
Questão 3
De acordo com as informações do texto imediatamente acima (texto 3), é correto afirmar.
a) As tensões entre Israel e Hezbollah vêm recrudescendo, mas são isoladas e dizem respeito apenas à facção xiita e ao país judeu – uma vez que não influenciam a geopolítica internacional.
b) Não obstante a influência do Hezbollah na política interna do Líbano, o grupo perdeu a força que possuía na época dos conflitos com Israel em 2006 – isso porque não conta mais com as ajudas do Irã e da Rússia.
c) Fortalecidos pelo know how adquirido durante o conflito na Síria e pelos apoios do Irã e da Rússia, o Hezbollah, ao que tudo indica, vem produzindo mísseis que podem atingir o território israelense e deflagrar um conflito com repercussões no Oriente Médio e na “comunidade internacional”.
d) No seio da comunidade islâmica internacional, o Irã vem se preocupando cada vez mais com os houthis, no Iêmen, e com o Hamas, na Palestina. Isso porque tais grupos sofrem influência direta do sunismo wahhabita proveniente da Arábia Saudita.
e) Diante do fortalecimento do Hezbollah, os EUA romperam relações com a Arábia Saudita (que apoia a facção xiita no Líbano) e tentam estabelecer acordos com o Irã e, ao mesmo tempo, evitar a construção do muro entre Israel e Líbano.
Questão 4
Relacione todas as informações obtidas até aqui com o conteúdo da charge abaixo e assinale a alternativa correta.
a) Segundo a charge, os confrontos em torno das ações do Hezbollah no Líbano e dos interesses geopolíticos internacionais acabam atingindo, principalmente, a população civil e desarmada daquele país.
b) A charge contraria as informações dos textos porque mostra uma situação de tensão no Líbano, enquanto os textos desnudam um processo de apaziguamento que vem se constituindo ao longo dos últimos anos.
c) A charge – assim como os textos – deixa claro que os conflitos entre Hezbollah e Israel não surtem nenhum efeito na vida cotidiana dos libaneses.
d) Assim como os textos, a charge enfatiza o papel do Hezbollah na oferta de assistência social e médica à população libanesa.
e) Se os textos mostram os efeitos perversos da luta entre Hezbollah e a “comunidade internacional”, a charge, por sua vez, mostra que tanto o Hezbollah quanto a população libanesa passam incólumes diante dos confronto geopolíticos no Oriente Médio.
Respostas
1) – C.
2) – E.
3) – C.
4) – A.
Autor: Eduardo Gramani Hipolide
Neste blog, o Professor Eduardo traz à baila assuntos com alta probabilidade de cair nos ENEM, principais vestibulares e concursos públicos, sendo que, desde 2014, vem esmiuçando as tendências dos principais meios de notícia impressa para trazer, “de mão beijada” as questões de atualidades dos próximos certames, bem como possíveis temas de redação.
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