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Atualidades XXV (2018) – 70 Anos do Estado de Israel e Dissolução do ETA

 (texto 1 – Folha de são Paulo, 18 de abril de 2018)

Israel, 70, prevalece contra probabilidades e conflitos 

Fundação do país em 1948 é comemorada no anoitecer desta quarta pelo calendário judaico

[…]

Após uma guerra com os palestinos que viviam também naquele território e com os vizinhos árabes, o Estado de Israel foi criado em 14 de maio de 1948. A data é celebrada oficialmente na noite desta quarta-feira (18), segundo o calendário judaico.

São 70 anos de um país que já foi uma impossibilidade. […]

O permanente estado de guerra e as reivindicações dos palestinos —muitas vezes acompanhadas de ataques, de atentados e de outras ações terroristas ao longo das décadas— imprimiram a Israel a constante percepção de catástrofe.

Nas primeiras décadas, vivia-se ali com a impressão de que o projeto não duraria.

[…] Apenas o Egito e a Jordânia, na região, mantêm relação com o país.

Essa ameaça não impediu, contudo, que Israel se consolidasse como a democracia mais estável e a economia mais desenvolvida da região. Puxado por setores de serviços e de tecnologia pujantes, o Produto Interno Bruno, de US$ 318 bilhões, é pouco menos de 20% do brasileiro com uma população que perfaz 4% da brasileira.

 

RETORNO 

Judeus começaram a migrar em massa ao que é hoje Israel no final do século 19, inspirados pela ideia de que precisavam retornar à terra de que tinham sido expulsos séculos antes, no movimento chamado de sionismo.

Com o Holocausto, em que foram assassinados sistematicamente 6 milhões de judeus pelo regime nazista da Alemanha, as Nações Unidas propuseram em 1947 que a Palestina britânica fosse dividida em dois Estados, um para os judeus e o outro para os palestinos que viviam ali.

Os judeus aceitaram a ideia. Os palestinos, não.

Após uma guerra, os judeus estabeleceram, em 1948, o Estado de Israel.

No processo, centenas de vilarejos árabes foram destruídos, e mais de 700 mil palestinos fugiram ou foram expulsos. O episódio é chamado em árabe de “Nakba”, catástrofe.

“Nós víamos o império britânico se esfacelando e pensávamos que finalmente teríamos o nosso próprio país”, diz o ex-chanceler palestino Nabil Shaath, 80. “A vitória deles foi nosso horror”, diz, lembrando que levou quase 50 anos para poder rever a casa em Jaffa, na costa mediterrânea — mas não entrar nela.

[…]

O retorno dos refugiados palestinos, estimados pela ONU em 5 milhões, é um dos maiores entraves para as negociações de paz entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina (outra é o governo da milícia Hamas, em Gaza, que até pouco não reconhecia o direito de Israel à existência e que não é reconhecido por Israel como ator político).

Israel não aceita o retorno de todas as pessoas que deixaram o território em 1948, uma demanda inegociável para os palestinos.

“São pessoas que deixaram suas vidas para trás”, diz o palestino Adnan Abdel Razek, que estuda as terras e propriedades perdidas.

Ele considera o momento atual, com um governo israelense mais conservador e com a redução da pressão americana sob Donald Trump, o pior momento pelo qual os palestinos passaram.

 

MAPA 

Os 70 anos de Israel foram marcados por mudanças em seu mapa, e o traçado atual ainda tem flancos de discórdia. [Ver mapa abaixo]

O primeiro deles são os assentamentos israelenses na Cisjordânia, considerados ilegais por parte da comunidade internacional.

O território, onde vivem 2,9 milhões de palestinos e 400 mil israelenses, é controlado por Israel desde 1967, após a Guerra dos Seis Dias, um dos episódios definidores da história de Israel.

[…]

 

 

(texto 2 – Folha de são Paulo, 18 de abril de 2018)

Brasileiro teve papel crucial na criação do Estado judeu 

Oswaldo Aranha presidiu sessão especial da Assembleia da ONU e apoiou partição da Palestina britânica

 

Oswaldo Aranha (ao centro) em Assembléia da ONU em 1947.

No centro de Jerusalém, ao lado de um cemitério muçulmano, uma praça leva o nome do brasileiro Oswaldo Aranha (1894-1960).

Ele é homenageado por israelenses porque presidiu, em 1947, uma sessão especial da Assembleia-Geral da ONU e apoiou a partição da Palestina britânica, evento que levou à criação do Estado de Israel, em 1948. A resolução também previa um Estado árabe, ainda inexistente.

O brasileiro é considerado fundamental para a decisão da ONU por ter feito lobby por um voto positivo. Ele foi nomeado ao Nobel da Paz.

Por ter presidido aquela sessão, Oswaldo Aranha inaugurou também uma tradição seguida até hoje pelas Nações Unidas: a de que o chefe da delegação brasileira seja o primeiro a discursar na reunião.

A ONU era, àquela época, um órgão recente e tinha feito poucas discussões oficiais. A sede atual ainda não estava em uso.

Há, no entanto, visões conflitantes sobre o legado do brasileiro. Por um lado, louva-se o trabalho do diplomata pela partição da Palestina britânica, mas historiadores apontam também que ele participou da decisão de o Brasil negar vistos a judeus, enquanto a Alemanha perseguia o povo.

 

MAPA

 

Questão 1

Relacione as informações dos textos 1 e 2 com as dos mapas que vêm acima e analise as afirmações abaixo.

I- A criação do Estado de Israel – projetada pela ONU em 1947 e concretizada no ano seguinte – era uma reivindicação dos judeus. Estes, desde o século XIX, organizaram o movimento sionista, cujo objetivo era criar um país independente nas terras palestinas que foram, num passado distante, ocupadas por seus ancestrais.

II- A partilha da Palestina entre árabes e judeus – decidida e implementada pela ONU entre 1947 e 1948 – foi aceita por ambos os lados e definitivamente consolidada por meio de um acordo realizado em 1967.

III- Durante o processo de criação do Estado de Israel, mais de 700 mil palestinos deixaram seus vilarejos e migraram para outros países, num episódio chamado Nakba (“catástrofe”, em árabe).

IV- O retorno dos cerca de 5 milhões de palestinos que, desde 1948, migraram para outros países – por perderem suas terras para os judeus – é um dos principais entraves para a consolidação da paz definitiva entre Israel e a Autoridade Palestina.

V- Desde que o Hamas reconheceu a legitimidade do Estado de Israel, a possibilidade de aproximação entre judeus e palestinos tem sido cada vez mais palpável.

VI- De 1948 para cá, o avanço israelense sobre terras palestinas foi efetivo. Não obstante, hoje temos o domínio do Hamas sobre a Cisjordânia, enquanto que o governo da Autoridade Nacional Palestina se reduz ao exíguo território da Faixa de Gaza.

VII- Além dos palestinos, parte da comunidade internacional considera os assentamentos judeus na Cisjordânia (território ocupado por Israel em 1967) ilegais.

VIII- Devido à consolidação do Estado árabe na antiga Palestina britânica, Oswaldo Aranha – quem presidiu a sessão que levou à criação de dois países na região (um árabe, outro judeu) – é muito criticado pelos judeus e predominantemente elogiado pelos palestinos.

Assinale a alternativa que apresenta apenas afirmações corretas.

a) I, II, III, V e VIII.

b) I, III, IV e VII.

c) III, IV, VII e VIII.

d) I, IV, V e VII.

e) I, IV, VI e VII.

 

Questão 2

Relacione o conteúdo da charge abaixo com as informações dos textos acima e assinale a alternativa ERRADA.

a) O cartunista estabelece uma relação entre a perseguição de judeus durante o nazismo e a posterior criação do Estado de Israel.

b) A charge faz uma crítica à perseguição que os judeus promovem contra os palestinos desde que o Estado de Israel foi criado.

c) Por ser de 2017, a charge remete a criação de Israel à reunião da Assembleia-Geral da ONU (em 1947) – presidida por Oswaldo Aranha – e não à data em que, de fato, o mesmo país foi constituído (1948).

d) Se, no primeiro quadrinho da charge, os judeus são representados como vítimas – pois sofreram o Holocausto e toda a perseguição nazista-, no segundo quadrinho as vítimas são os palestinos – que perderam suas terras para os assentamentos criados pelos judeus desde a criação de Israel.

e) A charge manifesta um nítido sentimento contrário aos judeus*. Isso porque, além de culpar o Estado de Israel pela perseguição aos palestinos, inocenta os nazistas pelo chamado Holocausto.

 

* Tal sentimento é chamado, de forma generalizante, de antissemitismo. No entanto, é importante ressaltar que a palavra “semita” refere-se não apenas a uma etnia, mas a um ramo linguístico do qual faz parte, inclusive, a língua árabe.

 

(texto 3 – folha de são Paulo, 3 de maio de 2018)

Após 59 anos e 820 mortes, terroristas dissolvem o ETA

Milícia separatista basca perdeu vigor na última década; vítimas rejeitam perdão

 

A organização terrorista basca ETA anunciou a sua dissolução em uma carta divulgada nesta quarta (2), encerrando um ciclo de seis décadas em que mais de 800 pessoas foram mortas por suas operações. A mensagem antecipa a oficialização do desmonte do grupo, prevista para o fim de semana na França, onde também há população basca.

“Anos de confronto deixaram feridas profundas”, diz a carta obtida pela imprensa local, em que o ETA declara “com toda a humildade” o encerramento de suas atividades e instituições. “Algumas feridas ainda sangram, porque o sofrimento não é uma coisa do passado”, diz o texto, datado de 16 de abril e já encaminhado a líderes políticos.

Mas organizações de vítimas do ETA disseram, em um manifesto divulgado em paralelo nesta mesma quarta, que a ferida deles também sangra. […]

Após a divulgação da carta do ETA, o ministro espanhol do Interior, Juan Ignacio Zoido, afirmou que as forças de segurança “seguirão perseguindo os terroristas onde quer que se encontrem”.

O governo de Madri tradicionalmente se recusa a negociar com essa facção.

O ETA foi criado em 1959 durante a ditadura de Francisco Franco (1939-1975) para exigir, com a luta armada, a independência do País Basco, uma região espanhola de história e língua próprias. *Ver anexo “Para Saber Mais”+ A sigla ETA significa Euskadi Ta Askatasuna –Pátria Basca e Liberdade, no idioma local, sem parentesco com o espanhol ou o francês.

A evocação da luta armada é marginal, mas o grupo apela a um sentimento ainda vivo em partes da população: o desejo de independência.

Seus alvos incluíam policiais e políticos espanhóis. Das 820 vítimas contabilizadas, das quais metade morreu em crimes ainda não solucionados, 340 eram civis. Centenas de pessoas foram mutiladas.

A carta desta quarta-feira formaliza seu fim, mas a organização já estava fragilizada a ponto de ser inoperante. Houve uma série de tréguas nas últimas décadas. O fim da luta armada, porém, veio apenas em 2011 com o cessar-fogo definitivo. Em 2016, o ETA anunciou a destruição de seu arsenal, já sinalizando seu ocaso.

A extinção do grupo é creditada a esforços coordenados entre Espanha e França e à detenção de ao menos 300 membros da facção. Houve, ainda, uma campanha oficial de deslegitimação do violento discurso nacionalista, amplamente condenado no país.

[…]

O ETA, ademais, deixou claro na carta divulgada na quarta que seu embate com o Estado espanhol segue vivo, assim como o seu nacionalismo. “O conflito não começou com o ETA, e não termina com ele.”

[…]

O ETA espera, também, sanar algumas de suas próprias feridas: seus 300 integrantes detidos estão espalhados pela Espanha e pela França, na chamada “política de dispersão”. Isolados, ficam distantes de suas famílias, algo de que se ressentem.

Nacionalistas bascos dizem que as forças de segurança espanholas torturaram centenas deles nas últimas seis décadas, razão pela qual o país já foi criticado por organizações de direitos humanos.

A declaração de dissolução desta semana foi mediada pelo israelense Alberto Spektorowski, 66, cientista político envolvido nas negociações entre palestinos e Israel.

“É muito importante que esse conflito tenha fim, mas isso não quer dizer que o problema vá ser encerrado”, disse à Folha por telefone antes de chegar ao País Basco nesta quinta (3). “O problema político entre o Estado espanhol e os nacionalistas bascos ainda não foi solucionado.”

 

MAPA

 

 

(texto 4)

Para saber mais 

Parte do País Basco, localizado próximo à Cordilheira dos Pirineus (fronteira entre Espanha e França), foi incorporada pela Espanha no século XV. Durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), as forças fascistas – lideradas pelo general por Francisco Franco – promoveram uma verdadeira perseguição à população local e passaram a tolher a relativa autonomia que os bascos desfrutavam anteriormente. Ainda durante a guerra civil, além de perderem sua autonomia, os bascos foram proibidos de falar a própria língua e perderam parte de seus direitos econômicos.

No mesmo período – mais exatamente em 1937 -, com o apoio da Alemanha nazista, Franco ordenou o ataque contra a cidade basca de Guernica, causando a morte de milhares de civis inocentes. Para demonstrar o horror da guerra civil, Pablo Picasso pintou seu famoso quadro Guernica, um verdadeiro manifesto contra os absurdos bélicos do conflito no interior da Espanha.

Com o fim da guerra civil, o general Francisco Franco assumiu o poder e acabou de vez com a autonomia que havia naquela província. Foi durante seu governo que surgiu o ETA.

Somente em 1975, quando Franco morreu, a Província Basca voltou a desfrutar de uma relativa autonomia. Mas isso não satisfez plenamente seu povo. Portanto, ao que tudo indica, o nacionalismo basco ainda hoje é uma questão a ser resolvida – independente ou não da existência do ETA.

 

(guernica – pablo Picasso)

 

Questão 3

Com base no mapa, na obra de Picasso e nos texto 3 e 4, analise as afirmações abaixo.

I- Ao se referir – em sua carta divulgada no dia 2 de maio – às “feridas” que “ainda sangram”, o ETA provavelmente fez menção ao nacionalismo basco (ainda latente) e às perseguições, prisões e torturas que alguns de seus membros ainda sofrem.

II- As organizações de vítimas do ETA questionaram o conteúdo da carta divulgada pelo grupo terrorista, mas aceitaram amenizar suas disputas com a facção. E, num gesto simbólico de “boas intenções”, tais organizações divulgaram mensagens em que, abertamente, abriram mão de suas exigências anteriores.

III- O ETA surgiu em um contexto de ditadura e opressão no qual a relativa autonomia que os bascos desfrutavam foi suprimida. No entanto, em suas ações, os terroristas do grupo étnico realizaram atentados que causaram mortes e ferimentos graves em centenas de civis inocentes.

IV- Podemos afirmar que, com a dissolução do ETA, o nacionalismo basco praticamente deixou de existir – ao contrário do catalão, ainda pulsante no interior da Espanha.

V- O quadro Guernica, de Pablo Picasso, faz uma crítica à ação terrorista dos nacionalistas bascos que, durante o governo de Francisco Franco, promoveram uma campanha genocida contra a população espanhola estabelecida no norte da Espanha.

VI- O ETA, que começou a atuar durante a ditadura de Franco, continuou suas operações na Espanha mesmo depois da morte do general, quando a Província Basca reconquistou sua relativa autonomia.

VII- Não obstante a carta do ETA anunciando sua própria dissolução, o governo espanhol não transigiu, demonstrando uma tendência tradicional de não negociar com a facção.

VIII- A população basca, de história e língua próprias, tem sua população dividida entre Espanha e França. No entanto, foi na Espanha que o ETA mais atuou.

IX – A dissolução do ETA foi encarada como um gesto surpreendente. Isso porque, nos últimos anos, a facção terrorista continuava ativa – realizando atentados, sobretudo no território espanhol.

Assinale a alternativa que apresenta apenas afirmações FALSAS.

a) I, II, IV, VII e IX.

b) II, IV, VIII e IX.

c) I, V, VII e VIII.

d) III, IV, VI, VII e IX.

e) II, IV, V e IX.


Autor: Eduardo Gramani Hipolide

Neste blog, o Professor Eduardo traz à baila assuntos com alta probabilidade de cair nos ENEM, principais vestibulares e concursos públicos, sendo que, desde 2014, vem esmiuçando as tendências dos principais meios de notícia impressa para trazer, “de mão beijada” as questões de atualidades dos próximos certames, bem como possíveis temas de redação.

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