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Atualidades XLIII (2018) – Os conflitos na Ucrânia

 (Texto único – Folha de são Paulo, 22 de julho de 2018) 

Separatistas e Exército travam na Ucrânia guerra esquecida pela Europa 

Combates que já deixaram 10 mil mortos e 1,5 milhão de refugiados se estendem há quatro anos

 

Sasha acendeu o cigarro sem prazer. Deu um trago longo, daqueles que se dá para ter certeza de que a brasa ganhou vida própria. Ao ter certeza de que o tabaco queimava, espetou o filtro amarelo na terra fofa da sepultura.

“São meus homens, gostavam de fumar e beber”, contou ele ao final de uma rara tarde chuvosa no leste da Ucrânia.

[…]

Sasha faz parte de um contingente de cerca de 100 mil homens que estão combatendo no leste da Ucrânia desde abril de 2014, quando rebeldes das províncias de Donetsk e Lugansk, na fronteira com a Rússia, decidiram declarar independência de Kiev.

É uma guerra esquizofrênica, em que nenhum lado avança, mas nenhum para de disparar.


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Desde que um cessar-fogo foi declarado em fevereiro de 2015, não há ganhos de território. As duas forças estão entrincheiradas em uma linha imaginária que corta o leste do país de norte a sul por quase 500 km.

Além das milhares de mortes, a Guerra na Ucrânia deixou cerca de 1,5 milhão de refugiados e mais aproximadamente 3,5 milhões de pessoas que necessitam de ajuda externa para continuar vivendo.

A economia praticamente entrou em colapso. Sem ter para onde ir, cerca de 600 mil pessoas, muitas delas idosas, vivem num raio de até 15 km das áreas de combate.

 

É a maior crise humanitária da Europa. 

A história desse conflito tem raízes profundas na história ucraniana e é resultado dos interesses geopolíticos de duas das maiores potências globais: EUA e Rússia.

Alimenta-se ainda hoje de feridas nunca cicatrizadas entre as populações do leste e do oeste da Ucrânia.

A parte oriental ucraniana é majoritariamente russa, tanto étnica quanto culturalmente. No extremo oeste, próximo às fronteiras com a Polônia, a República Tcheca e a Eslováquia, quase ninguém se considera russo, e o ucraniano é a língua majoritária. Esses dois grupos, com visões de mundo bastante distintas, entraram em choque no outono de 2013.

Sob pressão do oeste e da parte mais liberal da sociedade, a Ucrânia iniciou um processo de aproximação com a União Europeia, com vistas a se tornar um país membro do bloco e se integrar à Otan (a aliança militar ocidental).

O movimento acendeu o sinal de alerta na Rússia, que vê a Ucrânia como aliado estratégico e país fundamental em sua esfera de influência. Sob pressão de Moscou, o

então presidente ucraniano Victor Yanukovich suspendeu as negociações com a União Europeia no final de 2013.

Kiev entrou em chamas. Protestos violentos se estenderam por quase todo o inverno, até que, em fevereiro de 2014, após as forças oficiais matarem mais de 70 pessoas em um só dia, Yanukovich caiu. Forças políticas ligadas ao oeste do país assumiram o poder. A Rússia reagiu.

Primeiro, anexou a Crimeia. Depois, incitou Lugansk e Donetsk a se rebelarem contra o poder central de Kiev.

Na Segunda Guerra, ucranianos do oeste, oprimidos pela mão de ferro do império soviético, aliaram-se a Adolf Hitler para se libertarem do jugo russo. Lutaram lado a lado com os alemães contra o Exército Vermelho. Mais de 70 anos após o fim da guerra, os ódios e paixões que alimentam este conflito ainda são os mesmos de quando soviéticos e alemães dizimaram 15 milhões de seus próprios cidadãos nestas terras.

O tenente-coronel Valeriy Gudz tem uma bandeira do movimento nacionalista ucraniano, o mesmo que se uniu às forças alemãs nos anos 1940, sobre sua mesa no quartel-general da 24ª Brigada do Exército Ucraniano. Mas rejeita a ligação com o nazismo. “Nosso modelo são os EUA”, diz.

Não longe dali, na pequena Adviivka, Oleg, comandante de um batalhão do Exército ucraniano, diz a mesma coisa.

E faz questão de mostrar uma posição de combate a menos de 100 metros das forças rebeldes. Ali ele mandou erguer uma bandeira dos EUA.

“Os russos ficam loucos”, diz, aos risos. Mas nas trincheiras, distante dos olhos dos comandantes, não é raro encontrar suásticas ou símbolos da SS pichados.

No outro lado, soldados rebeldes gostam de ostentar a bandeira da União Soviética, fotos do ex-ditador Josef Stálin e, mais raramente, algum busto de Vladimir Lênin.

Em uma posição de combate do lado rebelde, Konstantin Kuzmin, comandante de um batalhão da República Popular de Donetsk, tem certeza de que repete, agora, o destino de seu avô, morto lutando pelo Exército Vermelho aqui mesmo no leste da Ucrânia.

“Estamos lutando a mesma guerra, protegendo nosso povo do fascismo e do nazismo”, conta, em uma trincheira que lembra os antigos filmes e fotos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Sasha, o comandante deprimido de Donetsk, já não sabe por que luta. Sua família está no que hoje é Ucrânia. Não a vê há quatro anos. Quando a internet está boa, conversam.

[…]

 

Questão única 

Analise com atenção as afirmações abaixo.

I- Os conflitos no leste da Ucrânia são a maior crise humanitária atual da Europa e já deixaram milhares de mortos e cerca de 1,5 milhão de refugiados.

II- A população do leste da Ucrânia é predominantemente russa e contrária às inclinações ocidentais do governo de Kiev.

III- O conflito atual na Ucrânia não estabelece relação alguma com o contexto da Guerra Fria. Isso porque, com a anuência da população oriental, o país já integra a Otan e a União Europeia.

IV- As tensões atuais na Ucrânia acirraram-se a partir de 2013, quando Victor Yanukovich, cedendo a pressões da Rússia, suspendeu as negociações com a União Europeia.

V- As divisões no interior da Ucrânia já existiam na época da Segunda Guerra, quando a população oriental apoiou a ocupação alemã e a parte oeste lutou ao lado do Exército Vermelho.

VI- Após a queda do presidente Yanukovich, a Rússia anexou a Crimeia e passou a incentivar as rebeliões de Lugansk e Donetsk contra Kiev.

VII- Na autoproclamada República Popular de Donetsk, imagens que remetem aos símbolos nacionais da extinta União Soviética são comuns. Por outro lado, entre os combatentes do Exército Ucraniano, referências favoráveis aos Estados Unidos e à própria Alemanha nazista fazem-se presentes.

São verdadeiras apenas as afirmações:

a) Todas;

b) I, II, IV, VI e VII;

c) I, III, V, VI e VII;

d) II, III, V e VII;

e) III, IV, V e VI.


Autor: Professor Eduardo Gramani Hipolide

Neste blog, o Professor Eduardo traz à baila assuntos com alta probabilidade de cair nos ENEM, principais vestibulares e concursos públicos, sendo que, desde 2014, vem esmiuçando as tendências dos principais meios de notícia impressa para trazer, “de mão beijada” as questões de atualidades dos próximos certames, bem como possíveis temas de redação.

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