(Texto 1 – O ESTADO DE SÃO PAULO, 2 DE SETEMBRO DE 2018)
Fogo destrói Museu Nacional, mais antigo centro de ciência do País
Inaugurado em 1818, o museu completou 200 anos em junho em meio a uma situação de abandono
RIO – Um incêndio de grandes proporções destruiu o acervo do Museu Nacional, na zona norte do Rio, na noite deste domingo, 2. Especializado em história natural e mais antigo centro de ciência do País, o Museu Nacional completou 200 anos em junho em meio a uma situação de abandono. Não houve feridos.
Ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tinha um dos mais importantes acervos de história natural da América Latina, além de ter servido de casa para a família real. O maior tesouro é Luzia, o esqueleto mais antigo encontrado nas Américas. Mereciam destaque diversos fósseis de dinossauros e o meteorito Bendegó.
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“Não vai sobrar praticamente nada. Todo o prédio foi atingido. Um absurdo o descaso e abandono que estava esse museu icônico. É como se queimassem o Louvre ou o Museu de História Natural de Londres”, lamentou o vice-diretor do Museu Nacional, Luiz Fernando Dias Duarte. […]
Ainda não se sabe a causa do fogo.
O Museu Nacional, fundado por d. João VI, chegou ao bicentenário com goteiras, infiltrações, salas vazias e problemas nas instalações elétricas. Várias salas estavam fechadas por total incapacidade de funcionar. O espaço que abrigava uma das maiores atrações, a montagem da primeira réplica de um dinossauro de grande porte no País, fechou por causa de uma infestação de cupim.
[…]
Entre 2013 e 2018, o orçamento do Museu despencou de R 100 mil. Segundo Duarte, o museu lutava há anos para obter recursos. Ele lembra que desde 2000, era pleiteado dinheiro para construir anexos que abrigassem as pesquisas que necessitam de preservação em álcool e formol, materiais inflamáveis. Só um anexo foi erguido com verba da Petrobrás.
Questão 1
Relacione as informações do texto acima com as da videoaula e assinale a alternativa ERRADA a respeito do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
a) Completou 200 anos em junho e o prédio onde se encontrava serviu como residência para a família real, durante o período do Império.
b) Por conta da falta de recursos, apresentava inúmeros problemas: infestação de cupins, instalações elétricas precisando de reparos, infiltrações e goteiras.
c) Sob responsabilidade do governo estadual, cujos problemas orçamentários são enormes, o museu encontrava-se abandonado há anos.
d) O museu era um dos mais importantes da América Latina e abrigava cerca de 20 milhões de peças, dentre elas o meteorito Bendegó, fósseis de dinossauros e o crânio de Luzia.
e) Vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, enfrentava dificuldades financeiras há décadas. Nos últimos cinco anos, seu orçamento anual caiu de R$ 500 mil para R$ 100 mil.
(Texto 2 – O estado de são Paulo, 4 de setembro de 2018)
Vergonha
A tragédia do Museu Nacional revela que o corte de gastos precisa respeitar prioridades
O incêndio ocorrido no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, na noite de domingo passado, suscitou na maioria dos brasileiros uma profunda vergonha. […]
O mais grave na tragédia do Museu Nacional é que o incêndio não foi uma surpresa. “O museu estava jogado, apodrecendo, incluindo a parte elétrica”, disse Walter Neves, professor da Universidade de São Paulo (USP). […]
A lamentável situação do Museu Nacional é resultado de uma série de distorções nas políticas públicas voltadas para educação e cultura. […] Como se sabe, nos últimos 15 anos, houve uma multiplicação de despesas do Ministério da Educação, com a criação de inúmeras instituições de ensino superior em todo o País, sem um mínimo de critério acadêmico e administrativo. […]
A tragédia de domingo revela que a diminuição de gastos públicos precisa ser feita respeitando prioridades. Um corte de gastos horizontal, que trata da mesma forma todos os itens de orçamento, é disfuncional, deixando setores importantes sem investimentos e sustentando uma série de gastos inúteis ou menos importantes.
[…] O Rio de Janeiro acompanhou na última década o surgimento de vários novos museus e entidades culturais na cidade. Não faz sentido criar novas instituições quando não há recursos disponíveis para conservar minimamente as já existentes.
A criação de novas instituições, muitas delas resultado da parceria entre poder público e iniciativa privada, também traz à tona a questão dos incentivos fiscais. O Estado tem sérias dificuldades de alocar recursos públicos para a manutenção das instituições culturais já existentes e, mesmo assim, tem aberto mão de vultosas receitas por meio de programas de incentivos fiscais de natureza cultural. No entanto, em boa parte dos casos, o que se vê é o Estado financiando eventos culturais altamente lucrativos, que não precisam de dinheiro público. Mais do que ajudarem a financiar a cultura, os incentivos fiscais têm sido um eficiente meio para que empresas façam propaganda com recursos que deveriam ser destinados a prioridades de fato públicas.
O incêndio do Museu Nacional foi vergonhoso. É preciso não fechar os olhos para suas verdadeiras causas. A história do País merece respeito.
Questão 2
Relacione o conteúdo da videoaula com o do texto acima (texto 2) e assinale a alternativa correta.
a) Nos últimos anos, para superar as dificuldades orçamentárias, os incentivos fiscais passaram a ser destinados a áreas culturais que há muito carecem de recursos.
b) Segundo o autor do texto, a criação de novas universidades teria ajudado na alocação de recursos ao museu, uma vez que estimularia as pesquisas e promoveria as políticas públicas voltadas à preservação de nosso patrimônio.
c) A redução de gastos públicos deve ser feita de maneira criteriosa, respeitando prioridades (como a preservação de nosso patrimônio) e atingindo sobretudo os setores menos importantes.
d) A responsabilidade pela catástrofe no Museu Nacional é exclusivamente do governo Temer e de sua PEC dos tetos, que visa cortar despesas de maneira horizontal.
e) A videoaula aborda apenas o descaso do poder público em relação às políticas voltadas para a cultura e a ciência. O texto, por sua vez, explica por que é importante preservar o nosso patrimônio.
(Texto 3 – Folha de são Paulo, 3 de setembro de 2018)
Insubstituível, acervo tinha desde fóssil mais antigo até meteorito
Coleções também ajudavam em pesquisas para a determinação de novas espécies
[…] Engana-se quem acha que a destruição, por mais lamentável que seja, afeta apenas um patrimônio que corresponde basicamente ao passado. No que diz respeito a estudos sobre biodiversidade, por exemplo, acervos de museu são, em certo sentido, máquinas do tempo que viajam tanto para trás quanto para a frente.
Isso porque quem batiza formalmente uma nova espécie de animal ou planta quase sempre deposita num museu o exemplar conhecido como holótipo, o indivíduo de referência para aquele tipo de ser vivo, que servirá de base de comparação para pesquisas de toda sorte no futuro.
Ou seja, a perda de um museu não só faz sumir esses exemplares de referência, de importância histórica, como complica muito a vida de quem gostaria de poder compará-los com possíveis novas espécies. Isso, é claro, sem falar nos exemplares que já tinham chegado ao acervo e ainda não haviam sido analisados. […]
Esse tipo de desastre afetará, duramente, quem ainda gostaria de examinar os 5 milhões de exemplares de insetos que estavam no museu —ou admirar o meteorito de Bendegó, um monstrengo espacial descoberto no sertão baiano em 1784 e levado para o Rio em 1888, quando Dom Pedro 2º ainda reinava.
O meteorito era o primeiro item do acervo que o visitante via ao entrar na instituição.
(texto 4 – Folha de são Paulo, 4 de setembro de 2018)
As cinzas de um país
Sem história nada é possível na utopia de construção permanente de uma nação cultural
O incêndio que consumiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro foi um golpe duríssimo na cultura do país e na própria cidade que o abriga. As cenas da queima do museu, no entanto, não traduzem apenas a imensa e irreparável perda para a cultura. Suas cinzas são mais um testemunho de que há em curso uma falência estrutural no nosso projeto de nação que tem de ser evitada.
Um projeto de construção nacional requer robusta e contínua constituição e aprimoramento institucional e cultural, eixos fundamentais à afirmação de sua existência e perpetuação como projeto coletivo de vontade, propósito e poder. Sem isso, não há um porquê de existir, uma razão, enfim, que justifique as decisões e sacrifícios à sua preservação e desenvolvimento.
O incêndio do museu é muito mais do que um triste episódio. Sem cultura, sem história, sem um lugar de saber, e de se saber, nada é possível na utopia de construção permanente de uma nação. Nesse caminho, brasileiros, temos insistido teimosamente e até, pode-se dizer, heroicamente na ideia de construção nacional.
[…]
No incêndio, em suas causas, temos uma desconstrução simbólica do Brasil, pois o que se perdeu não foi um prédio e algumas obras, mas o conceito de se firmar em unidade na pluralidade e de reforço a fundamentos culturais humanísticos da nação. Significado e significante aí se encontram
[…] O Brasil é uma utopia civilizatória possível, mas para isso o obsoleto em todos os campos tem de ser superado.
Questão 3
Relacione os conteúdos do texto 3 com os do texto 4 e assinale a alternativa ERRADA.
a) Os animais e plantas preservados em um museu servem não apenas para congelar o passado, mas também para viabilizar novos estudos sobre as espécies.
b) O incêndio do museu indica o processo de constituição da falência de nosso projeto de nação, uma vez que a destruição de nosso passado dificulta a construção de um futuro viável.
c) O patrimônio histórico e cultural serve como referência para a construção de uma identidade regional e/ou nacional, daí a importância de preservá-lo.
d) Os objetos da cultura material encontrados em sítios arqueológicos ajudam na busca de uma unidade dentro da pluralidade.
e) A preservação da cultura e da história não estabelece relação direta com a construção de um projeto nacional. Isso porque, enquanto a primeira inclina-se para o passado, a segunda projeta-se para o futuro.
Charge (Laerte)
Questão 4
a) A charge possui uma visão pessimista a respeito de nosso futuro.
b) O autor da charge vê na destruição do Museu Nacional a possibilidade de se criar uma nova consciência em relação à necessidade de se preservar outros acervos de história natural em nosso país.
c) Assim como o texto 2, a charge faz uma crítica ao descaso em relação ao nosso patrimônio. No caso do texto, a crítica é direta e explícita; no caso da charge, ela é implícita – encontra-se subjacente.
d) Assim como o autor do texto 3, o cartunista também lamenta a destruição de fósseis – que inviabiliza as novas pesquisas.
e) Assim como o texto acima (texto 4), a charge sugere que sem a preservação do passado a construção de um futuro sustentável torna-se inviável.
Autor: Professor Eduardo Gramani Hipolide
Neste blog, o Professor Eduardo traz à baila assuntos com alta probabilidade de cair nos ENEM, principais vestibulares e concursos públicos, sendo que, desde 2014, vem esmiuçando as tendências dos principais meios de notícia impressa para trazer, “de mão beijada” as questões de atualidades dos próximos certames, bem como possíveis temas de redação.