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Atualidades XVII (2018) – 15 anos do início da Guerra do Iraque

 (texto 1 – folha de são Paulo, 20 de março de 2018) 

Legado da Guerra do Iraque ainda divide americanos 15 anos depois 

País árabe ganhou com queda de ditador, mas caos que sobreveio alimentou facções terroristas

 

Na madrugada de 20 de março de 2003, o então presidente George W. Bush se dirigiu à população americana e disse ter decidido “desarmar o Iraque, libertar seu povo e defender o mundo de um grave perigo”. Prometeu “levar a liberdade” ao país, àquela época governado pelo ditador Saddam Hussein.

Quinze anos após o discurso, o Iraque e o restante do Oriente Médio se lembram da data com a convicção de que diversos perigos graves nasceram naquela noite.

A invasão levou a uma guerra de mais de oito anos, encerrada oficialmente em 18 de dezembro de 2011 (ainda há um pequeno contingente de soldados americanos no país, porém). Seus efeitos —como o surgimento da facção terrorista Estado Islâmico— ainda castigam a região.

“A desestabilização do Iraque levou a dezenas de milhares de mortos, fomentou o extremismo e expandiu a influência do Irã”, disse à Folha Daveed Gartenstein-Ross, analista sênior da Fundação para a Defesa das Democracias, baseada em Washington, e CEO da firma de análise de risco Valens Global.

Detestada no Iraque e em seus vizinhos, a invasão é rejeitada também nos EUA.

Se, em 2003, 71% da população americana apoiava o uso de força militar contra o Iraque, hoje são apenas 43%, segundo relatório recente do Centro de Pesquisas Pew. Para 48%, a guerra foi um erro (e 9% disseram não saber). O estudo foi feito de 7 a 14 de março com 1.466 pessoas.

Um dos pontos mais controversos é o fato de a invasão ter sido justificada com a acusação de que Saddam tinha um arsenal de destruição em massa. As armas nunca foram encontradas, e a acusação, jamais provada.

Um ano após o início da ofensiva, o secretário de Estado Colin Powell admitiu que não havia prova de laço entre o governo iraquiano e a Al Qaeda, outra acusação feita no rastro dos atentados de 11 de setembro de 2001, que mataram 2.977 pessoas nos EUA e deram origem à Guerra do Afeganistão.

“A aprovação à invasão continuará a cair, e o público dificilmente dirá um dia que aquela guerra valeu a pena”, diz Gartenstein-Ross.

Do ponto de vista iraquiano, entre as vantagens da ação está a deposição de Saddam —cujo regime chegou a utilizar armas químicas contra a própria população— após 24 anos no poder e a celebração de eleições. O próximo pleito legislativo no país será em outubro deste ano.

“São raras as políticas que só têm pontos negativos. No caso do Iraque, houve a instituição de um sistema democrático, ainda que ele precise de ajustes”, diz o analista.

 

ESTADO ISLÂMICO 

Após a invasão americana, Saddam se escondeu nos entornos de sua cidade natal, Tikrit. Capturado e julgado por crimes contra a humanidade, foi enforcado em dezembro de 2006.

A queda do ditador, porém, não desarmou o Iraque nem tornou o mundo mais seguro, como disse Bush em seu discurso de guerra.

Facções terroristas se alimentaram do caos político e instigaram a violência entre diferentes ramos do islã, como os sunitas e os xiitas.

A mais influente dessas milícias foi a Al Qaeda no Iraque, que anos depois se transformou no Estado Islâmico. O grupo Iraq Body Count afirma que houve 288 mil mortes violentas no país desde 2003, a maior parte de civis.

Em uma entrevista recente à revista Time, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, disse que a decisão americana de ocupar o Iraque após a invasão foi “um enorme erro”. Em vez de transferir o poder imediatamente aos iraquianos, os EUA se instalaram ali, o que facilitou o recrutamento de militantes e contaminou o país com uma violência até hoje presente, disse o premiê.

A purga dos membros do partido de Saddam, o Baath, também desmontou o Estado e o Exército e engordou as fileiras de facções terroristas.

Para Gartenstein-Ross, “os EUA ganharam pouco no Iraque, e a alto custo”.

 

Questão 1 

Sobre o conflito no Iraque e suas consequências, assinale a alternativa ERRADA.

a) Um dos pretextos para a invasão norte-americana do Iraque foi o de acabar com o suposto arsenal de armas de destruição em massa que, no final, nunca foram encontradas.

b) O conflito começou em 2003 sob os pretextos de libertar o povo iraquiano da ditadura de Saddam Hussein e de garantir um mundo supostamente mais seguro em relação ao terrorismo.

c) A guerra levou à morte de quase 300 mil pessoas – na maioria civis –, desestabilizou o Iraque e abriu espaço para o surgimento do grupo terrorista Estado Islâmico.

d) Com a ascensão de grupos terroristas no Iraque, após a guerra, os conflitos entre xiitas e sunitas foram acirrados no país e, segundo Daveed Gartenstein-Ross, a influência do Irã (país vizinho) aumentou.

e) A guerra conseguiu desmantelar o arsenal de armas químicas no Iraque e contribuiu para o enfraquecimento de grupos terroristas que tinham o apoio velado de Saddam Hussein

 

(texto 2 – folha de são Paulo, 20 de março de 2018) 

Cronologia da Guerra do Iraque 

GUERRA NO IRAQUE – EUA tiveram 166.300 militares no país em 2007, auge do conflito

 

20.mar.2003 

O presidente americano George W. Bush inicia a guerra; objetivo declarado é encontrar armas de destruição em massa, nunca achadas

9.abr.2003 

Tropas americanas tomam Bagdá; e, fim simbólico do regime, moradores derrubam estátuas de Saddam Hussein

13.dez.2003 

Saddam Hussein é capturado em Tikrit, sua cidade natal

30.jan.2005 

Iraque realiza suas primeiras eleições em 50 anos; nova Constituição é aprovada em outubro

30.dez.2006 

Julgado e condenado, Saddam Hussein é enforcado em Bagdá

jan.2007 

Após o início de uma nova insurgência, EUA aumentam contingente no Iraque

17.nov.2008 

Acordo entre EUA e Parlamento iraquiano prevê a saída das tropas americanas até 2011

15.dez.2011 

Presidente dos EUA, Barack Obama, declara o fim da guerra, mas mantém um pequeno contingente no país

288 mil pessoas morreram em decorrência do conflito, sendo 200 mil civis

 

Questão 2 

Analisando as informações da cronologia acima, é correto afirmar.

a) Não obstante as justificativas “libertadoras” oferecidas pelos norte-americanos, o Iraque continua sob uma ditadura autocrática e nenhuma eleição considerada democrática foi até agora realizada no país.

b) Saddam Hussein foi derrubado do governo em 2003, mas até agora, ao que tudo indica, continua vivo e, de seu esconderijo, coordena as ações de seu partido (agora na ilegalidade), o Baath

c) A guerra, iniciada em 2003, comemora em 2018 15 anos de ações constantes e foi intensificada pelo governo beligerante de Donald Trump.

d) Embora o ex-presidente Barack Obama tenha declarado o fim da guerra em 2011, um pequeno contingente do exército norte-americano continua instalado no Iraque.

e) Não obstante a instauração de um governo democrático no Iraque após a invasão, a ordem legal no país continua a mesma, uma vez que lá ainda vigora a Constituição outorgada por Hussein em sua época de ditador.

 

Charge 1 

(INFORMAÇÕES PRÉVIAS) 

Devemos ressaltar, nesta atividade, que o Iraque é um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Lá estão localizadas algumas das mais ricas jazidas dessa importante fonte de energia – cobiçada por todas as grandes empresas petrolíferas estrangeiras. Chevron, ExxonMobil, BP e Shell são poderosas empresas mundiais do ramo energético – especialmente petrolífero.

À luz dessas informações, analise a charge abaixo. Nela, as grandes empresas petrolíferas são representadas como os quatro cavaleiros do “Drilllocalypse”. A expressão drill, em inglês, significa “perfurar” e, portanto, se refere à atividade de perfuração que as empresas petrolíferas realizam para extrair o petróleo das jazidas. Na charge, vemos as quatros gigantes do petróleo, representadas como os quatro “cavaleiros do `Drillocalypse´”*, avançando em direção ao território do Iraque. No canto direito, vemos o presidente George W. Bush, responsável pela invasão do Iraque, dizendo às quatro empresas: “Tudo certo! Agora nossa missão está realizada!”.

*Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse são personagens descritos na terceira visão profética do Apóstolo João, no livro bíblico da Revelação ou Apocalipse. Os quatro cavaleiros do Apocalipse são representações da Peste, da Guerra, da Fome e da Morte. Para os cristãos, as quatro calamidades vão acontecer antes do fim de todas as coisas.

Charge 1

 

Charge 2

 

Questão 3 

Com base em seus conhecimentos sobre a Guerra do Iraque, relacione os conteúdos das charges acima e assinale a alternativa ERRADA.

a) Na charge 1, a “missão realizada” a qual se refere George W. Bush tem a ver com os interesses inconfessáveis da intervenção norte-americana no controle das jazidas petrolíferas do Iraque; a charge 2, por sua vez, questiona a suposta soberania que aquele país adquiriu após a mesma intervenção.

b) A primeira charge enfatiza os interesses das empresas petrolíferas internacionais no controle das jazidas do país do Oriente Médio, enquanto que a segunda se refere à instabilidade e ao caos gerados pela intervenção militar naquele mesmo país.

c) A segunda charge faz uma crítica à suposta soberania instaurada no Iraque em razão da intervenção norte-americana; a primeira, por sua vez, apresenta o ex-presidente George W. Bush mancomunado com os interesses das grandes empresas petrolíferas internacionais.

d) As duas charges se referem ao conflito desencadeado pela invasão norte-americana do Iraque. No entanto, a primeira é a favor da guerra, enquanto que a segunda é evidentemente contra.

e) As duas charges criticam a destruição do Iraque em razão da intervenção militar estadunidense – a segunda, de forma mais clara; a primeira, subsumindo o caos naquele país por meio da representação das empresas petrolíferas como os “cavaleiros do `drillocalypse´”.


Autor: Eduardo Gramani Hipolide

Neste blog, o Professor Eduardo traz à baila assuntos com alta probabilidade de cair nos ENEM, principais vestibulares e concursos públicos, sendo que, desde 2014, vem esmiuçando as tendências dos principais meios de notícia impressa para trazer, “de mão beijada” as questões de atualidades dos próximos certames, bem como possíveis temas de redação.

 

 

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